ATA DA VIGÉSIMA SESSÃO
ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEXTA LEGISLATURA,
EM 20-3-2014.
Aos vinte dias do mês de
março do ano de dois mil e quatorze, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do
Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e
quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida pelos vereadores
Dr. Thiago, Edi Wilson Dinho, Fernanda Melchionna, Guilherme Socias Villela,
Idenir Cecchim, João Carlos Nedel, Kevin Krieger, Lourdes Sprenger, Mario
Fraga, Mario Manfro, Mauro Pinheiro, Pedro Ruas e Professor Garcia. Constatada
a existência de quórum, o Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda,
durante a Sessão, compareceram os vereadores Airto Ferronato, Alberto Kopittke,
Alceu Brasinha, Bernardino Vendruscolo, Cassio Trogildo, Delegado Cleiton, Engº
Comassetto, João Derly, Jussara Cony, Marcelo Sgarbossa, Márcio Bins Ely,
Mônica Leal, Nereu D'Avila, Paulinho Motorista, Paulo Brum, Reginaldo Pujol,
Sofia Cavedon, Tarciso Flecha Negra, Valter Nagelstein e Waldir Canal. Após,
foram apregoados os seguintes Memorandos: nº 004/14, de autoria do vereador
Elizandro Sabino, deferido pelo Presidente, solicitando autorização para
representar externamente este Legislativo, hoje, no Grande Expediente da
Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul em homenagem aos noventa
anos da fundação da Igreja Assembleia de Deus no Rio Grande do Sul, no Plenário
20 de Setembro do Palácio Farroupilha, em Porto Alegre; nº 008/14, de autoria
do vereador Clàudio Janta, informando, nos termos dos §§ 6º e 7º do artigo 227
do Regimento, participação no seminário “O custeio dos sindicatos: aspectos
político-jurídicos”, hoje, no Município de Florianópolis – SC –; e nº 004/14,
de autoria do vereador Engº Comassetto, informando, nos termos dos §§ 6º e 7º
do artigo 227 do Regimento, participação na 40ª Reunião do Conselho Nacional
das Cidades, do dia vinte e quatro ao dia vinte e seis de março do corrente, em
Brasília – DF. Também, foi apregoado o Ofício nº 020/14, de autoria do vereador
Professor Garcia, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, informando
que a vereadora Jussara Cony representará este Legislativo, hoje, em Audiência
Pública com o tema “Os desafios da reforma urbana”, no Auditório do Memorial do
Legislativo da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, em Porto
Alegre. Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios do Fundo Nacional de Saúde do
Ministério da Saúde, emitidos nos dias seis e quatorze de março do corrente; do
vereador Arthur Felipe Caselli, Presidente da Câmara Municipal de Pantano
Grande. A seguir, o Presidente informou que o vereador Engº Comassetto
participará, hoje, de Audiência Pública com o tema “Os desafios da reforma
urbana”, no Auditório do Memorial do Legislativo da Assembleia Legislativa do
Estado do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. Em prosseguimento, o Presidente
concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, a Ben-Hur Dalla Porta,
Diretor-Científico da Liga Homeopática do Rio Grande do Sul, que discorreu
sobre o aniquilamento do patrimônio cultural de Porto Alegre no Parque da
Redenção. A seguir, nos termos do artigo 206 do Regimento, os vereadores Dr.
Thiago, Lourdes Sprenger e Bernardino Vendruscolo manifestaram-se acerca do
assunto tratado durante a Tribuna Popular. Em continuidade, o Presidente
concedeu a palavra, para considerações finais sobre o tema em debate, a Ben-Hur
Dalla Porta. Os
trabalhos estiveram suspensos das quatorze horas e quarenta e dois minutos às
quatorze horas e quarenta e três minutos. Em GRANDE EXPEDIENTE, pronunciaram-se
os vereadores João Carlos Nedel, em tempo cedido pelo vereador Guilherme Socias
Villela, e Idenir Cecchim. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os
vereadores Dr. Thiago e Bernardino Vendruscolo. Em continuidade, foi iniciado o período de COMUNICAÇÕES,
hoje destinado, nos termos do artigo 180, § 4º, do Regimento, à apresentação da
estrutura e produção do Hospital Nossa Senhora da Conceição S. A. e suas
filiais. Compuseram a Mesa: o vereador Professor Garcia, Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre; e Carlos Eduardo Nery Paes e Paulo Bobek,
respectivamente Diretor Superintendente e Diretor Técnico do Grupo Hospitalar
Conceição. Após, o Presidente concedeu a palavra, nos termos do artigo 180, §
4º, inciso I, a Carlos Eduardo Nery Paes, que se pronunciou sobre o tema em
debate. Em COMUNICAÇÕES, nos termos do artigo 180, § 4º, inciso III, do
Regimento, pronunciaram-se os vereadores Lourdes Sprenger, Dr. Thiago, Alberto
Kopittke, Sofia Cavedon, Valter Nagelstein, Fernanda Melchionna, Jussara Cony,
Mauro Pinheiro e Engº Comassetto. A seguir, o Presidente concedeu a palavra,
para considerações finais sobre o tema em debate, a Carlos Eduardo Nery Paes. Em COMUNICAÇÃO
DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores Valter Nagelstein e Pedro Ruas. Em
PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do
Legislativo nos 380/13 e 019/14, os Projetos de Resolução nos
002, 008 e 050/14; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos
263/13 e 006/14, os Projetos de Lei do Executivo nos 008 e 009/14, o
Projeto de Resolução nº 003/14. Os vereadores Valter Nagelstein e Pedro Ruas
pronunciaram-se durante o período de Pauta. Na oportunidade, foram apregoados os Memorandos nº 006/14,
de autoria da vereadora Fernanda Melchionna, informando, nos termos dos §§ 6º e
7º do artigo 227 do Regimento, participação em debate sobre transporte público,
no dia vinte e quatro de março do corrente, no Município de Santa Maria – RS –;
e nº 018/14, de autoria do vereador Professor Garcia, Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre, informando, nos termos dos §§ 6º e 7º do artigo 227
do Regimento, participação em reunião do Fórum Permanente MERCOSUL para o
Trabalho em Saúde, no dia vinte e cinco de março do corrente, em Brasília – DF.
Durante a Sessão, a vereadora Sofia Cavedon manifestou-se acerca de assuntos
diversos, e foi registrada a presença, neste Plenário, de Sereno Chaise,
ex-Prefeito de Porto Alegre; Às dezessete horas e vinte e quatro minutos,
constatada a inexistência de quórum, em verificação solicitada pelo vereador
Idenir Cecchim, o Presidente declarou encerrados os trabalhos,
convocando os vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelos vereadores Professor Garcia e
Mauro Pinheiro e secretariados pelo vereador Guilherme Socias Villela. Do que
foi lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada
pelo 1º Secretário e pelo Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): Queremos registrar que
o Ver. Engº Comassetto está fora da Casa, em uma audiência pública que tratará sobre os desafios da reforma urbana,
na Assembleia Legislativa.
Passamos à
A Tribuna Popular de hoje tratará de assunto
relativo ao aniquilamento do patrimônio cultural de Porto Alegre no Parque da
Redenção. O Sr. Ben-Hur Dalla Porta, Diretor-Científico, representando a Liga
Homeopática do Rio Grande do Sul, está com a palavra, pelo tempo regimental de
10 minutos.
O SR. BEN-HUR DALLA PORTA: Prezados
Vereadores, especialmente a Ver.ª Lourdes Sprenger e Ver. Professor Garcia –
que têm apoiado as ações da Liga Homeopática do Rio Grande do Sul –, demais
autoridades, público presente nesta Casa, boa-tarde.
Na noite do dia 4
para o dia 5 de janeiro de 2014, a herma de Hahnemann, situada no Parque
Farroupilha, foi roubada. O fato constituiu o triste coroamento de uma série de
roubos que desnudaram a Av. João Pessoa dos nossos monumentos, tombados como
patrimônio histórico do Município. Desde outubro de 2013, ou seja, num lapso de
três meses, eliminaram-se as homenagens sequenciais a três médicos dessa
avenida, sendo dois deles eminentes gaúchos. Dessa vez, o roubo do bronze de Hahnemann se deu com ousadia e técnica
profissional: o monumento de 100 quilos foi serrado em sua base e removido, com
parte dela, em uma avenida movimentada, mesmo à noite, sem que ninguém notasse
ou acionasse a polícia. Esse fato comprova a ação de uma quadrilha
especializada nesse tipo de crime. A herma de Hahnemann foi erigida no Parque
Farroupilha, em 1943, pela Liga Homeopática do Rio Grande do Sul. A LHRS, ou
Liga, como é mais conhecida, é uma instituição sem fins lucrativos e de
utilidade pública, com o objetivo de congregar pessoas interessadas na
divulgação, prática e no ensino da homeopatia. Foi fundada em 1941 por um grupo
de homeopatas e entusiastas, tendo à frente o médico Dr. David Castro. O Dr.
David, pernambucano, formado em medicina, na Bahia, e, em homeopatia, no Rio de
Janeiro, aqui, radicou-se nos anos 40. Viveu no Rio Grande do Sul os seus anos
mais profícuos e realizou um extraordinário trabalho de divulgação da
homeopatia, reconhecido não apenas no Brasil, como mundialmente. Começou o seu
trabalho a partir de palestras radiofônicas, com ampla audiência popular.
Numa estratégica
ação, erige a primeira herma à homeopatia em praça pública da América do Sul,
inaugurada em 29 de agosto de 1943. O ano foi escolhido para comemorar o
centenário de falecimento do fundador da homeopatia, o médico alemão Samuel
Hahnemann. A instalação do monumento obteve parecer favorável da municipalidade
a partir da avaliação do relator Alberto Pasqualini. Em seu brilhante parecer,
expõe o Dr. Pascoalini: “Não vejo nenhum inconveniente em que seja concedida
esta permissão. Não é a prefeitura, mas a Liga Homeopática que vai prestar a
homenagem. Hahnemann criou uma nova forma de curar. Muitos poderão considerar
errada a sua doutrina do Similia
Similibus Curantur, e ineficaz ou ingênua a terapêutica das doses
infinitesimais e das dinamizações. Pouco importa, porém, se a verdade está com
a homeopatia ou com a alopatia. Haverá por acaso verdade? O que interessa aqui
é o homem e a sua preocupação em encontrar novos métodos de combater as
enfermidades e aliviar os sofrimentos humanos. Este é o grande merecimento dos
sábios, sejam quais forem suas doutrinas e teorias”. Com esse Parecer, o
prefeito Loureiro da Silva publica um decreto concedendo à Liga Homeopática a
permissão para construir um busto a Samuel Hahnemann. O trabalho escultórico,
de beleza ímpar, foi executado pelos artistas locais Adão Pereira da Silva e
Guilherme Gaudenzi.
A partir da sua
inauguração, a herma de Hahnemann passa a ser um local de peregrinação e
homenagem. A cada visita de cada homeopata, cada Congresso, cada efeméride, os
homeopatas homenageiam seu mestre, sendo que há registros destas homenagens
desde os anos 40.
Em 1949, o busto de
cimento branco é substituído por bronze. No discurso dessa substituição, o Dr.
David refere: “Esta mudança é um símbolo: símbolo da eternidade a que está
fadada a doutrina que a humanidade lhe deve, símbolo da consolidação da
terapêutica homeopática em nosso Estado”. E conclui almejando que esse novo
busto seja expectador de uma progressiva melhoria da espécie humana –
ironicamente.
Em 1952, realiza-se o
IV Congresso Brasileiro de Homeopatia, em Porto Alegre, sendo o primeiro
congresso fora do eixo Rio-São Paulo. Dessa vez é o Governo do Estado que
declara oficializado através do decreto do Governador General Ernesto
Dornelles. Diversas solenidades são realizadas, e os congressistas visitantes
recebem festiva recepção no Aeroporto Salgado Filho. Todo o evento foi
registrado em filme de 35 milímetros, cujo documentário, realizado pela firma
Leopoldis Son, a Liga mantém em seu acervo, necessitando restauro para exibição
pública. Na ocasião foi inaugurado o 3º Dispensário Homeopático, que é uma
espécie de ambulatório, no bairro Menino Deus, sede atual da instituição, e a
herma ao médico homeopata Licínio Cardoso, de Lavras do Sul, no Parque
Farroupilha. Diversas homenagens foram prestadas ao mais eminente homeopata
gaúcho por ocasião do centenário de seu nascimento. Inauguram a herma o General
Ernesto Dornelles, Governador do Estado; o Prefeito Ildo Meneghetti e parentes
do homenageado, Dr. Licínio Cardoso. O busto, de excelente talhe, foi realizado
pelo brilhante escultor André Arjonas, espanhol radicado no Estado, que
autografou a obra. Lado a lado, as duas hermas no Parque Farroupilha, a de
Hahnemann e a de Licínio, colocaram Porto Alegre numa geografia ímpar: não
havia no mundo duas homenagens a homeopatas em praça pública tão contíguas,
fato que reforçou a tradição dos homeopatas gaúchos em reverenciar seus
mestres.
Em 1959, em mais uma
iniciativa da Liga, é criado o Dia Nacional da Homeopatia, comemorado em 21 de
novembro. A data é o dia da chegada ao Brasil de Benoit Mure, homeopata francês
e introdutor da doutrina em nosso País em 1940. Desde, então, é a data máxima
dos homeopatas brasileiros, que sempre realizam homenagens e programações
científicas nesse dia. Recentemente, o Dia Nacional da Homeopatia foi incluído
no Calendário Oficial de Datas Comemorativas e Conscientização do Município de
Porto Alegre, numa iniciativa do Ver. Professor Garcia.
Esta nova e
avassaladora onda de roubos do Parque Farroupilha produz um vácuo em nossa
memória cultural. Há o registro de pelo menos duas décadas de destruição de
obras de arte públicas em nossa Cidade, segundo o professor de escultura, José
Francisco Alves, que realizou um sistemático trabalho de levantamento do acervo
escultórico ao ar livre, no Município, publicado no livro A Escultura Pública
em Porto Alegre. São roubos e saques tão cotidianos que nos colocam no patamar
de capital mundial da destruição da arte pública.
A coordenação da
Memória Cultural, ligada à Secretaria Municipal da Cultura, é o setor
responsável pela manutenção dos monumentos. Entretanto, não consegue sequer
inventariar em números essa destruição e o que resta ainda para tentar salvar.
A administração do Parque Farroupilha limita-se a registrar os boletins de
ocorrência policial, muito dos quais alertados por cidadãos. Foi o que
aconteceu com os três monumentos citados inicialmente. Se a Liga não tivesse
alertado a Prefeitura de Porto Alegre, não teríamos sequer as datas de
ocorrência policial. Algumas peças de bronze mantêm-se temporariamente
abrigadas, porém escondidas da apreciação pública e sem perspectiva de serem
recolocadas. Não se sabe de nenhuma iniciativa de investigação séria na
comercialização do bronze no Município – que alimenta esses saques.
Sem a efetiva
participação do Poder Público, através de um serviço permanente de manutenção e
restauro do patrimônio histórico, Porto Alegre vai empobrecendo e se tornando
um campo neutro, sem vestígios de nossa rica memória e cultura. Um breve
passeio no Parque Farroupilha já nos dá a dimensão dessa triste realidade,
repleta de inúteis pedestais ao nada, e apenas suportes à pichação
generalizada.
É evidente que a
Cidade, além de não cuidar do patrimônio, também o ignora. E falamos aqui não apenas
do Governo.
Uma das alternativas
que a Liga já implantou foi a substituição do medalhão de bronze, roubado no
jardim da entidade, por uma imagem em resina, executada por um artista local chamado Bruno
Teixeira. Queremos restituir os monumentos da Liga aos seus locais de origem,
com a colocação de réplicas das esculturas roubadas do Parque Farroupilha, para
que possamos contar essa história futuramente. Mais do que isso, para que nos
apropriemos da nossa história, um aspecto essencial da cidadania. Só para
concluir, vou citar uma frase do Professor Francisco Riopardense de Macedo,
historiador, arquiteto, artista plástico, que diz o se o seguinte: “Quem não
conhece a história de sua cidade, que é parte de sua própria história, não é um
cidadão, é um hóspede”. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): Obrigado, Sr. Ben-Hur. Gostaria de convidá-lo para
fazer parte da Mesa.
O Ver. Dr. Thiago está com a palavra, nos termos do
art. 206 do Regimento.
O SR. DR.
THIAGO: Sr. Presidente, Ver. Professor Garcia; Sr. Ben-Hur Dalla Porta, quero
agradecer a sua presença e dizer que nós temos um apreço muito grande pela Liga
Homeopática, e que o primeiro ambulatório de homeopatia da Secretaria Municipal
de Saúde, realizado de forma descentralizada, foi por nós e por uma colega,
Magda Bertoncello, iniciado no posto de saúde do Lami. Então, realmente,
existem regiões da Cidade que já têm essa cultura natural bastante arraigada, e
falo especificamente do Extremo-Sul da Cidade: Lami, Belém Novo, Ponta Grossa e
Lajeado. E quero convidar para vir na Comissão de Saúde e Meio Ambiente, que
neste ano estou presidindo, composta pelos Vereadores Mauro Pinheiro, Lourdes,
Paulo Brum e Jussara Cony. Nós, em um determinado momento, ainda neste primeiro
semestre, vamos visitar algumas praças e, principalmente as que têm monumentos
em situação precária. Já o convidamos, antecipadamente, e gostaríamos da
presença da entidade que V. Exa. representa. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): A Ver.ª Lourdes Sprenger está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
A SRA. LOURDES
SPRENGER: Diretor Ben-Hur, eu falo em nome da minha Bancada, cujos componentes
são os Vereadores Idenir Cecchim, Líder; Valter Nagelstein e Professor Garcia,
atual Presidente da Casa. Eu quero cumprimentá-lo por trazer este tema à nossa
Tribuna Popular, e quero dizer que foi muito importante aquele convite da Liga
para manifestar-se sobre o furto do busto de Hahnemann, porque aquela atividade
me despertou para observar as outras obras de arte de Porto Alegre. Eu sou
ligada à área de artes e antiguidades, e essa área só se visita quando se
viaja, e nós, porto-alegrenses, deixamos a desejar quando passamos por
monumentos de grande valor histórico e não nos detemos a observá-los. Então,
quero lhe dizer que, depois daquele nosso evento, estou muito satisfeita de
vê-lo na Tribuna Popular, e também que estamos solicitando à Comissão de Educação, Cultura, Esporte e
Juventude aqui da Casa uma reunião para tratar, com a Prefeitura – nós já
fizemos visitas à SMAM e à Secretaria de Cultura –, um envolvimento maior para
evitar esses furtos na Cidade e solicitar o aprofundamento dessas
investigações, porque não é possível que desapareçam peças famosas e sejam
derretidas em ferro-velho; quem recebe esse tipo de obra é receptador. Então,
essa é a nossa atuação em conjunto outros Vereadores. Também quero dizer ao
senhor que a minha família seguiu a homeopatia, e eu, até meus 13 anos, não sabia
o que era outro medicamento.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): Obrigado, Ver.ª Lourdes.
O Ver. Bernardino
Vendruscolo está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Quero cumprimentar o Ben-Hur, que traz um assunto muito em voga
atualmente, em especial um projeto de minha autoria, que tem suscitado muitas
discussões em Porto Alegre. Digo eu, discussões até de forma injusta. Há uma
campanha no sentido de espalhar que eu quero dar aos Vereadores o poder de
fazer avaliações de obras artísticas. Não é verdade! Se escrevi algo que possa
dar essa interpretação, todos aqui estão convidados a fazer uma emenda com
redação mais clara, mas eu não tenho dúvida de que esse é um equívoco; não foi
isso que eu escrevi no projeto. Então, eu quero, primeiro, cumprimentá-lo
porque o senhor traz uma discussão pertinente. Segundo, o problema é fato, ele
existe; nós precisamos enfrentar essa questão, e só nós estamos discutindo – V. Exa.
aqui trazendo esse assunto e eu com o projeto; porque, infelizmente, há uma
apatia do Poder Público, e não é deste Governo, mas de todos que passaram.
Ninguém teve a coragem de enfrentar essas questões. Especialmente ali no Parque
da Redenção, nós temos o monumento a Wesley, que é o símbolo religioso dos
metodistas. Eu tentei, exaustivamente, uma autorização, eles queriam pegar os
escombros – porque o que tem ali é escombro –, os restos daquele monumento e
levá-los para próximo da Matriz e darem uma atenção! Eu não consegui! Era só um
pedido de transferência! Os metodistas se sentem ofendidos porque o monumento
que tinham da sua autoridade maior, não têm mais. Então, eu lhe peço: vamos nos
somar. Porto Alegre tem, sim, belos monumentos, belas obras de arte. Há algumas
que suscitam indignação, é verdade, mas a obra também se presta para isso, eu
concordo. Agora, que estão malconservadas, estão! E nós precisamos discutir
isso, mas sem armas. Sem armas! Eu tenho reclamado que o pessoal tem tentado,
na grande maioria, desqualificar-me com uma discussão que não vai levar a nada.
Mas este é o momento! E eu lhe cumprimento, mais uma vez, por estar aqui nesta
Casa trazendo um assunto pertinente: cuidar das obras de arte! Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): Obrigado, Vereador. Passo a palavra ao Sr. Ben-Hur para as considerações finais.
O SR. BEN-HUR
DALLA PORTA: Basicamente, é só esta consideração final: de que nós precisamos fazer
alguma coisa urgentemente para salvar o patrimônio histórico de Porto Alegre.
Nós precisamos de um esforço conjunto. A Liga Homeopática se coloca à
disposição para tentar recolocar seus monumentos, como réplicas. A gente tem
propostas para isso. Existem também pessoas bastante conhecedoras do tema que
poderiam participar de uma comissão. A gente citou o Professor José Francisco
Alves, há outras pessoas aqui também interessadas, Vereadores, para que a gente
possa salvar o que resta e resgatar um pouco da nossa história, da nossa
memória. Era isso.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): Quero, mais uma vez, em nome da Casa, agradecer à
Liga Homeopática do Rio Grande do Sul, através do Ben-Hur Dalla Porta, e dizer
que este assunto é pertinente, sempre em voga, e tenho certeza que os Vereadores
terão o maior prazer em participar e colaborar. Obrigado, Ben-Hur.
Estão suspensos os
trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h42min.)
O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia – às 14h43min): Estão reabertos os trabalhos. Recebemos a informação de que os membros
do Grupo Hospitalar Conceição estão a caminho para participar do período de
Comunicações.
Passamos ao
O Ver. João Carlos
Nedel está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver.
Guilherme Socias Villela.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores e Sras. Vereadoras, não seria bem o momento de falar, mas o assunto
está em voga. Eu falo, neste momento, em nome da minha Bancada, a do Partido
Progressista.
Há um requerimento
pedindo uma Moção de Repúdio às declarações do Deputado Heinze. Eu quero
esclarecer que o nosso Partido já fez uma declaração deixando muito claro que
não compactua com as infelizes declarações do Deputado. A nossa Bancada,
através da nossa Líder, também declarou claramente que não compactua com as
declarações dele. Inclusive, a nossa Bancada irá votar unanimemente a favor da
Moção de Repúdio porque, realmente, Ver. Tarciso, repudiamos essas declarações.
Então, nós julgamos o assunto já encerrado. O Deputado já pediu desculpas
públicas mais do que uma vez; eu quero deixar muito claro isso: já pediu
desculpas públicas. Muito bem!
Recentemente o Senador Pedro Simon, dentro da
emoção de uma convenção, não se referiu adequadamente à Senadora Ana Amélia.
Pediu desculpas pessoais, a Senadora aceitou e entendeu perfeitamente o
assunto. Vejam, então, que o assunto está para nós muito claro. Repudiamos as
declarações infelizes do Deputado Heinze.
Agora, uma coisa: todo o mundo se referiu apenas a
essas declarações. E eu queria lembrar o que estava ocorrendo na ocasião.
Estava ocorrendo uma audiência pública promovida pela Câmara Federal, presidida
pelo Deputado Vilson Covatti, que tratava de defender os pequenos agricultores
da agricultura familiar. Todos dizem que defendem a agricultura familiar, mas,
na prática, o Governo Federal está fazendo justamente o contrário. Vamos ver,
então.
No Brasil, 851 milhões de hectares é toda a área do
nosso País. A reserva indígena regularizada é de 109 milhões de hectares. O
Brasil tem 851 milhões e, só de reserva indígena, tem 109 milhões de hectares,
ou seja, senhoras e senhores, 13% do território nacional é reserva indígena
para, aproximadamente, 600 mil índios, o que representa 0,3% da população.
Então, 0,3% da população representa 13% da área do País. Só que a intenção do
Governo Federal – e não sei por quê o Governo Federal acha pouco 13% da área
total do nosso País – é elevar esse percentual para 25% da área do nosso País;
o Governo Federal quer transformar mais área em reserva indígena com a
demarcação de mais 210 milhões de hectares.
Esse era o objetivo da audiência pública: discutir
o que está acontecendo no Rio Grande do Sul. No Rio Grande do Sul – vamos
tratar somente do Rio Grande do Sul agora –, existem 21 reservas indígenas
regularizadas, que abrangem 31 Municípios. Essas 21 reservas abrangem 96.326
hectares, praticamente cem mil hectares. Aí, senhoras e senhores, Ver. Paulo
Brum, desses cem mil hectares, vejam o que está ocorrendo: 33 mil hectares são
arrendados a produtores, isso é ilegal. Trinta e três mil e quatrocentos
hectares são arrendados para produtores, para 408 produtores. Os índios recebem
área para trabalhar, não trabalham, arrendam e têm recursos para isso. Muito
bem! E aí, o que está ocorrendo? Já tem cem mil hectares, e 33% não são
ocupados pelos índios, são arrendados. E o Governo quer aumentar em cem mil
hectares, fazer novas reservas, o dobro do que já existe. Cem mil hectares!
Para fazer isso, vai prejudicar inúmeras famílias de produtores, de pequenos agricultores
da agricultura familiar. E o objetivo da audiência pública era discutir os
prejuízos que isso vai trazer à economia do Rio Grande do Sul. Recentemente, o
Governador Tarso Genro disse que a nossa economia, o nosso PIB cresceu 5,8%,
motivado, justamente, pelas belas safras agrícolas. Pois bem, ele quer retirar
cem mil hectares dos agricultores que estão aumentando o nosso PIB. Olhem só a
incoerência: fazem toda a propaganda de que o nosso PIB está crescendo graças
ao agronegócio, à agricultura, às boas safras, e aí querem retirar da produção
cem mil hectares.
Ver. Villela, V. Exa. que me cedeu o espaço, vou
contar alguns casos e tenho certeza de que o nosso Ver. Bernardino Vendruscolo,
que é natural de uma cidade próxima... Por exemplo, no Município de Nonoai,
querem aumentar em 1.200 hectares. Só que esses 1.200 hectares entram
praticamente na cidade, pegam bairros da cidade de Nonoai. O que acontece, por
exemplo, em Água Santa: querem retirar 1.800 hectares daquele Município,
acabando com uma vila do interior, lá em Água Santa.
O Sr.
Bernardino Vendruscolo: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Evidentemente que eu não vou fazer uma crítica, eu só vou fazer um
registro. É verdade, eu me criei com a família caingangue, então, conheço, como
ninguém, a convivência com os índios. Nós não podemos esperar deles aquela
mesma cultura do europeu. O índio trabalha de dia para comer de noite, é o
espírito dele. Ele caça o necessário para comer naquele dia, ele pesca o
necessário para comer naquele dia. Diferente da nossa cultura, nós, europeus.
Feito este registro, vou lhe falar: em Iraí, não
tínhamos um aeroporto, tínhamos um campo de aviação, mas era o campo de aviação
da região. Com o passar dos anos, aquelas demandas todas, acabaram entregando o
campo de aviação para os índios porque a área foi considerada uma reserva
indígena. Infelizmente, nós acabamos perdendo o aeroporto. Eu tenho dito para o
pessoal de Iraí e da região que eles deveriam conversar com os índios e
reativar o aeroporto, que poderia ser administrado por alguém, revertendo o
lucro daquilo tudo para os próprios indígenas. Evidentemente que temos que
fazer um esforço danado muitas vezes para não escorregar no palavreado todo. Eu
vou fazer um registro, que não é do tamanho do que foi dito aí, mas, há poucos
dias, eu estava defendendo o projeto das obras de arte e eu dizia: “Olha, é uma
judiaria as obras malconservadas na Cidade.” E alguém me corrigiu: “O senhor
está fazendo uma apologia aos judeus.” Vejam só! Então, nós precisamos
reavaliar toda a nossa cultura, o comportamento desde a infância para não
atingirmos esse ou aquele segmento. Nós estamos vivendo um momento de
transformação. Eu não estou fazendo nenhuma crítica; o senhor fez um registro
sobre a minha pessoa, então eu vim aqui contribuir com o seu debate. Parabéns!
O SR. JOÃO
CARLOS NEDEL: Muito obrigado. O que o Governo Federal quer, destinando cem mil
hectares, ampliando ou criando 30 novas reservas, abrangendo 38 Municípios?
Quer retirar a propriedade legal e regularizada de 4 mil famílias de
agricultores, que estão lá produzindo, para beneficiar 3,2 mil índios. Eu acho
que poderíamos estudar um pouco mais. E o pior, Ver. Kevin Krieger, o pior: vão
retirar 4 mil famílias do campo. E na lei, se for declarado pela Funai que ela
pegue certificados, ela mesma deve contratar os antropólogos, a seu bel-prazer.
E sabe como é que vai ser essa retirada? Não será por desapropriação, mas por
expropriação. Isso significa que se tiver atestado da Funai, não há
ressarcimento da terra; expropria sem nenhum ressarcimento. Somente pode
ressarcir as eventuais benfeitorias da terra, a terra, não! Imaginem o que
essas quatro mil famílias vão fazer. Era isso que estava se tratando nessa
audiência pública, que tem que ser muito bem esclarecido. Vejam, querem tirar
pedaços de cidades, bairros e vilas do Interior. Então, fica muito bem claro o
objetivo dessa audiência pública, a emoção na defesa...
(Som cortado
automaticamente por limitação de tempo.)
(Presidente concede
tempo para o término do pronunciamento.)
O SR. JOÃO
CARLOS NEDEL: ...a defesa de quatro mil famílias.
Claro que devemos proteger os índios, sem dúvida, mas não dessa forma, não
expropriando terras legítimas de proprietários há mais de cem anos, com
escritura pública, tudo legalizado.
Senhoras e senhores, fica aqui a nossa manifestação
para que o Governo Federal não exproprie a nossa produção agrícola do Rio
Grande do Sul, que é o que leva e eleva a nossa economia e o nosso PIB. Muito
obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): O Ver. Idenir Cecchim está com a palavra em Grande
Expediente.
O SR. IDENIR
CECCHIM: Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores. Ver. Nedel, meus
cumprimentos pelo seu pronunciamento tranquilo, conciliador e digno de quem é
um cristão, como V. Exa. prega e dá exemplo. Eu também sou cristão, mas não sou
tão franciscano, como diz a Senadora, Ver. Kevin Krieger, que V. Exa. enfrentou
em uma convenção aqui em Porto Alegre. Eu queria falar, nestes 15 minutos, que
é bastante tempo, um tempo precioso para quem assiste de casa, para os meus
Pares, de alguns projetos importantes que eu consegui aprovar aqui nesta Casa.
Um deles, muito importante, é o que estabelece a possibilidade de parcelamento
de débitos que, segundo cálculos da própria Secretaria da Fazenda, poderia
arrecadar de R$ 80 milhões a R$ 90 milhões, débitos antigos que estão
judicializados, outros ainda em fase administrativa, mas que possibilitaria que
o Município de Porto Alegre arrecadasse essa soma fantástica, com algumas
condições que se estabelecem neste projeto. O Prefeito vetou este projeto, a
Câmara derrubou o veto e a Procuradoria do Estado aconselhou a entrar com uma
ADIn. Espero que essa ADIn seja vencida. Está bem encaminhado para isso, e que
a população de Porto Alegre possa pagar os seus débitos sem ter que pagar
sucumbência para a Procuradoria, sem ter que pagar absurdos de multas, apenas
pagar um dinheiro corrigido, que ajudaria muito os cofres do Município.
O outro projeto que ainda falta fazer o decreto é
aquele que considera de interesse público as ações que consolidam o cumprimento
e a plena aplicação da Lei Complementar 434, de 1º de dezembro de 1999, ou
seja, o Plano Diretor. O que diz esse projeto importante para a cidade de Porto
Alegre, essa disputa que tem da Aeronáutica com a cidade de Porto Alegre? A
Aeronáutica pede que, a cada prédio, numa determinada zona, quando for se
construir alguma coisa, que o Prefeito declare de interesse público.
Ora, mais de interesse público do que cumprir o
Plano Diretor que a própria Câmara aprovou e o Prefeito sancionou, é cumprir
com o Plano Diretor. É isso que esse projeto estabelece e a Prefeitura está por
editar a regulamentação desse decreto importante.
Agora, nos últimos tempos, nós tivemos uma grande
surpresa no mês de fevereiro, em que a Secretaria de Cultura, através do Epahc,
do Compahc, dessas letras todas que, segundo um colega meu, o Sérgio da Costa
Franco, homem muito inteligente, me deu um texto e uma definição muito
importante, dizendo que essas letras todas, muitas vezes, se confundem com o
coletivo chamado “barões do cupim”. Protegem os cupins, não protegem os
prédios. O Epahc, o Compahc e companhia, muitas vezes, ou na maioria das vezes,
aqui em Porto Alegre, estão confundindo um bem histórico com uma coisa velha.
São duas coisas diferentes. Bem histórico tem que ter uma história, tem que ter
um fundamento, tem que ter uma linha arquitetônica, tem que ter uma série de
pré-requisitos. E não pode ser feita lista com o fígado, ou porque não gosta do
vizinho ou porque tem medo de perder a janela. Ter medo de perder a janela,
quer dizer que ele já está morando num edifício onde existia uma casa, mas não
quer que construa outro edifício do lado!
Eu conheço alguns membros ativistas, desses que não
querem construir nada mais na Cidade, que venderam a casa dos seus pais para
uma construtora – e até moram nesse edifício –, mas se rebelam quando alguém
vai fazer um edifício do lado.
Então, tem que ter alguma coisa que regulamente
isso, que dê uma baliza e que dê um basta também!
Por isso, Ver. Brasinha, eu apresentei um projeto
que foi apregoado nessa semana, aqui na Câmara, que acrescenta o parágrafo
único e altera o caput do art. 3º da
Lei Complementar nº 601, que dispõe sobre o inventário do patrimônio cultural
de bens imóveis do Município de Porto Alegre. Com uma mudança simples, mas
muito importante para a cidade de Porto Alegre, o art. 3º passa a constar com a
seguinte redação: “O Poder Legislativo [nós, os 36 Vereadores de Porto Alegre]
deverá aprovar a listagem de todos os imóveis indicados para inclusão no
inventário do patrimônio cultural de bens imóveis do Município, antes do
parecer conclusivo do Compahc, de qualquer publicação na imprensa, da
notificação do proprietário e, portanto, da homologação da indicação do
Prefeito”. Isso faz com que toda essa lista de imóveis que era publicada de
forma direta, via decreto, sem que ninguém soubesse, secretamente, no mês de
fevereiro, quando todos estavam na praia... Quando chegaram em casa, 500 proprietários
de residências no bairro Petrópolis receberam uma notificação de que a casa não
era mais deles, ou que era deles, mas que não poderiam mais dispor daquela
casa. Isso é um absurdo! Temos que dar um freio para isso! E nós, que aprovamos
o Plano Diretor, que tratamos de muitas coisas importantes da Cidade, que
discutimos, aqui, temos que fazer isso, para que, primeiro, se dê publicidade
ao bem que a Cidade quer preservar – por que deve ser preservado e quem é que
vai arcar com essa preservação.
O Sr. Alceu Brasinha: V. Exa. permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Idenir Cecchim, concordo com o senhor,
porque, realmente, não é possível acontecer isso. Quando o cidadão tem o seu
imóvel apontado, o valor, imediatamente, cai. E quem é que vai arcar com esse
prejuízo todo? Eu quero dizer que concordo com o senhor e que sou parceiro do
seu projeto. Tenho certeza que todos os Vereadores vão votar com o senhor,
porque é um belo projeto. Eles terão que nos explicar, não basta apontar e
deixar assim.
O SR. IDENIR
CECCHIM: Obrigado, Ver. Brasinha, pelo apoio.
O Sr. Bernardino Vendruscolo: V. Exa.
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu também quero lhe cumprimentar,
Ver. Cecchim, e vou citar, como exemplo, a sede do Grêmio Gaúcho, na Av. Dr.
Carlos Barbosa, esquina com a Rua Bispo Laranjeira, com a Rua Sepé Tiaraju e
com a Av. Niterói – naquele quarteirão. São 117 anos de história e o local
sequer foi listado como de interesse cultural. E nós sabemos que vários prédios aqui em Porto
Alegre foram listados, e se formos fazer uma pesquisa maior, não tem nada que
possa justificar, historicamente ou arquitetonicamente, essa possibilidade. E
mais, aí me diz uma autoridade do segmento, essas pessoas muitas vezes não têm
a liberdade que nós temos e a obrigação de denunciar, que se nega a fazer uma
obra arquitetonicamente rebuscando algo do passado, porque daqui a pouco vão
tombar. Então, vejam em que pé nós estamos chegando. Parabéns, Vereador.
O SR. IDENIR
CECCHIM: Obrigado, Vereador. Ver.ª Lourdes Sprenger.
A Sra. Lourdes
Sprenger: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Cecchim, é
muito oportuno dar transparência a este tipo de listagem, porque eu moro num
bairro, há 36 anos, em que as escadarias europeias foram vendidas sem consultar
associações, sem consultar bairro, mesmo porque é uma cidade considerada
cidade-jardim, e lá não se observar essa atuação tão ferrenha do Epahc, que
deveria ter prédios a ser considerados.
O SR. IDENIR
CECCHIM: Obrigado. Realmente, tem que dar um basta a essas coisas secretas. Eu
vou dar um exemplo – não vou dar o nome do cidadão, que acho que fica chato, eu
até tinha pensado em listar o nome dele, mas ele é membro do Compahc e mora na
Rua Eça de Queiroz, 443, dou o endereço: todos os prédios vizinhos e as casas
vizinhas foram listadas, a dele e de mais dois vizinhos, não, com as mesmas
características dos outros. Eu tenho a informação aqui, fui buscar no registro
de imóveis, e o imóvel está no nome desse cidadão, que pertence ao Compahc, e
essas casas sumiram. E da primeira lista para a atual, mais quatro residências
sumiram de lá, sumiram desta lista. Por quê? Qual é o critério?
Então, eu acho que nós temos que dar um basta,
senão daqui a pouco, Ver. Valter, eles vão lá na sua casa, que é uma casa
moderna, bonita, grande, e daqui a pouco V. Exa. não pode fazer o “puxadinho”
que o Ver. Brasinha fala sempre, não pode fazer uma modificação, não pode
trocar uma janela pela qual vaze água para dentro, não pode trocar calha, não
pode trocar o telhado. Isso é um absurdo! Tem que ter critérios para se fazer
essas listagens de preservação – está na hora de termos preservação. Como
acontece com o verde, que ninguém quer deixar de cuidar das árvores, ninguém
quer deixar de cuidar do patrimônio histórico. Mas eu acho que, antes desse
pessoal ser membro do Compahc e do Epahc, nós temos que fazer uma “vaquinha”,
fazer como o PT faz, só que aberta, sabendo quem é que doa, levar esse pessoal
para dar uma viajada pelo mundo, porque eles não sabem o que é patrimônio
histórico. A maioria deles não sabe, ou não querem saber. O que eles querem é
não perder o ventinho na janela deles, ou o sol. Todo mundo quer ficar com o
sol, mas depois que já estão morando no prédio vizinho. Eles venderam, mas não
podem deixar que os vizinhos façam nada. Então, a pessoa, durante muitos anos
da sua vida, paga esse patrimônio, que é a casa de cada um, e as pessoas vão
ficando velhas... Eu vejo por mim: eu morava em casa, residência, mas não moro
mais! Nós vamos ficando velhos, um pouquinho mais velhos, aí vem o Epahc e o
Compahc e dizem “esta casa não pode ser mais mexida”. Quer dizer, obrigam a
morar nessa casa a vida toda, porque não podem negociar, não podem mudar, não
podem fazer nada. Acho que esse é um assunto de que a Câmara de Vereadores de
Porto Alegre tem que se ocupar e é isso que diz o meu projeto de lei. Antes de
fazer listagem, que pode fazer, o Compahc submete à Câmara de Vereadores, que
no mínimo vai dar publicização, vai chamar as pessoas que são prejudicadas, e o
próprio Compahc parte para explicar o porquê. Podem ter certeza que 90% dessas
listas são em benefício de alguém ou de algumas pessoas que são os “barões do
cupim”, como diz o Sérgio da Costa Franco, muito inteligente como sempre é.
Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): Obrigado Ver. Idenir Cecchim.
O Ver. Dr. Thiago está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. DR.
THIAGO: Caros colegas Vereadores e Vereadoras, quero agradecer ao Ver. Mauro, ao
Ver. Márcio, ao Ver. Mario Fraga, ao Ver. Nereu D’Avila e ao Ver. Delegado
Cleiton pela cedência do tempo nesse nosso rodízio, e subo à tribuna, hoje, no
sentido de trazer, efetivamente, uma problemática que tem nos deixado
extremamente preocupados nesses últimos dias, que é a questão do nosso glorioso
Instituto-Geral de Perícias. O Instituto-Geral de Perícias nasceu a partir da
Constituição Estadual de 1989 e tem passado por tremendas dificuldades. Hoje,
eu estive visitando o DI e o DML – parte do DI foi interditado por não ter condições
de se executar o trabalho adequadamente lá. Há a questão da valorização
profissional necessária para as categorias, mas é importante que a população da
cidade de Porto Alegre e do Estado entenda que os peritos médico-legistas, que
os peritos criminalísticos, que os papiloscopistas, que os fotógrafos
criminalísticos e os auxiliares de perícias não estão parados só por isso. Eles
estão parados realmente com o grande intuito de defender a justiça: se a
perícia não é bem executada, pela dificuldade técnica – Delegado Cleiton, V.
Exa. é Delegado de Polícia, trabalhou e trabalha numa atividade irmã, que é de
policial; mais dois colegas policiais civis encontram-se aqui; Dr. Salim,
perito odontolegista, foi, por muitos anos, nosso norteador –, se a perícia não
é executada de forma correta, de forma transparente, com qualidade técnica, a
autoridade policial, judiciária e o Ministério Público não vão ter condições
de, efetivamente, fazer justiça. E é isso que infelizmente nós temos observado
no que se refere à perícia, é o que nós temos observado no que se refere a toda
a questão vinculada à perícia técnica, à parte técnica da Justiça.
Para os colegas terem uma ideia, em Novo Hamburgo,
as necropsias são executadas, Ver. Villela, no cemitério, sem as mínimas condições,
em local insalubre. Muitas vezes, para se fazer uma abertura de crânio, tão
necessária para esclarecer alguns casos, principalmente naqueles em que o
projétil, em que a ofensa física foi executada em cima da cabeça do indivíduo,
para abrir o crânio, precisam abrir com máquinas manuais, com serrotes manuais,
por não terem nem o serrote elétrico para executar a atividade, num local em
que falta inclusive segurança. Pasmem, a perícia técnica sendo assaltada no
local onde faz a necropsia!
Então, quero hipotecar desta tribuna minha
solidariedade a todos os colegas, dizer que é muito importante para a justiça
essa mobilização. Não se trata só de mobilização salarial; é valorização
profissional, são condições de trabalho, que, realmente, precisamos obter para
trabalhar no sentido de obter justiça neste Estado, neste País e na nossa
cidade de Porto Alegre. Na medida em que os crimes crescem, na medida em que os
homicídios são cada vez mais prevalentes à perícia, sem dúvida nenhuma, precisa
acompanhar esse diapasão técnico, no sentido de melhoria e de condições de
trabalho, para que possamos praticar a justiça. Então, sem perícia,
efetivamente, nós não vamos obter justiça.
Uma forte saudação a todos os colegas e tenho
certeza que vão contar, ao fim e ao cabo, com a sensibilidade das autoridades
que precisam ter um olhar diferenciado para o Instituto-Geral de Perícias.
Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR.
BERNARDINO VENDRUSCOLO: Sr. Presidente, Ver. Professor Garcia; Srs.
Vereadores e Sras. Vereadoras, esta semana nós vimos a esta tribuna para fazer,
não vou dizer uma denúncia, mas uma reclamação em razão daquela obra daqui da
Av. Aureliano de Figueiredo Pinto, entre a Av. Praia de Belas e a Rua Múcio
Teixeira. Nem bem terminaram a obra e já começaram a desmanchá-la, sem a mínima
explicação para nós aqui, independente se o custo vai ser do Poder Público ou
não, mas há o transtorno. Ontem nós tivemos aqui os representantes do Executivo
justificando que a despesa em si não será do Executivo, mas das empresas que lá
estão construindo. Bom, nessa parte, isso é altamente positivo, nós queremos
agradecer a pronta resposta, ainda que me pareça que uma questão dessas deveria
vir antecipadamente para nós, Vereadores, e até para a população, mas não
chegaram as informações.
Nós, eu e o Ver. Cecchim, que está no plenário,
viemos lá da colônia, onde eu tenho as minhas raízes. Lá na colônia nós
plantávamos mandioca, feijão, enfim, e na safra elas vão se cruzando: enquanto
uma vai ficando pronta para colheita, já vão plantando a outra. Como eu já sei
que vai demorar a refazerem essa obra – isso aqui está parecido, agora, com
açudes (Mostra foto.) –, eu quero propor que, enquanto não venha a reposição
dessa obra, que se coloquem no local uns alevinos de carpa ou tilápia, porque
aí nós vamos aproveitando o tempo, porque nós vamos ter que esperar muito para
refazer. Então, a carpa, o peixe, a tilápia, pode ser, em seis meses, por
exemplo, nós temos como consumir as tilápias. Então, aqui fica uma proposta.
Agora, eu faço isso com uma certa ironia, mas não
pensem os senhores que estão nos assistindo que é fácil ser Vereador quando nós
temos (Mostra fotografia.), olhem aqui, esta aqui é uma caçamba, um equipamento
que recolhe os entulhos em Porto Alegre. Normalmente, contratadas pelas
empresas de engenharia ou para quem faz reforma. Isso aqui é perto da minha
casa, em frente ao Colégio Medianeira, na Av. Terezina. Essas árvores podadas,
esses galhos eram verdes quando contrataram essa caçamba, ao lado da minha
casa. Cecchim, faz mais de 15 dias que está aquilo lá! E nós temos legislação
que impõe condições para recolhimento. Agora, aqui, pasmem, (Mostra fotografia.)
na frente da minha casa! Eu tenho impressão que é perseguição, eu acho até que
esses caçambeiros estão indignados, porque a SMAM não colabora para que eles
possam fazer o descarte e a classificação desses produtos, estão largando as
caçambas na frente da minha casa. Aqui, sabem quem me procurou? Os
trabalhadores de uma reforma que tem ao lado, porque aqui fica ao lado de uma
creche. Tem rato, tem gato morto e galinha morta dentro dessa caçamba, é só
irem ali no local. Olha, gente, não dá! A EPTC tem legislação para isso hoje.
(Mostra fotografia.) Olhem aqui, estou mostrando, dando explicação. Eu queria
convidar o Cappellari, Diretor da EPTC, para me acompanhar e, quem sabe, ouvir
os comentários que eu ouvi lá hoje. Então, faço em tom irônico, mas, acima de
tudo, para respeitar a população. Não levem para outro lado, não façam outra
interpretação, mas é a forma que nós estamos encontrando de chamar a atenção da
EPTC, porque há uma legislação a ser cumprida quanto ao recolhimento e
estacionamento dessas caçambas, desses contêineres para recolhimento das
caliças; então nós precisamos cumprir a lei! Antes não havia legislação!
Infelizmente, esta lei é de minha autoria; hoje tem, com penalidade! Por que
não fazem as empresas cumprirem o que está escrito, Ver. Alceu Brasinha? E eu o
convido para me ajudar a fazer agora uma criação de tilápia aqui na nossa Av.
Aureliano de Figueiredo Pinto.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): Obrigado, Ver. Bernardino.
A SRA. SOFIA
CAVEDON: Presidente, apenas um informe e um convite. Nós estamos aqui com o
Mauri, do Sítio do Mato, da região dos nossos Caminhos Rurais de Porto Alegre,
que está organizando com a CECE o roteiro de terça-feira. Os produtores rurais
fazem muita questão que não seja somente a Comissão de Educação. Será na
terça-feira, pela manhã. Nós gostaríamos que a COSMAM e todos os Vereadores
pudessem ir. Pedimos para que se organizem, sairemos às 8h30min ou 9h,
almoçaremos na Zona Rural e retornaremos às 13h30min. E V. Exa., em especial,
se pudesse priorizar a agenda, pois gostaríamos que fosse uma atividade da
Câmara.
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): Obrigado, Vereadora. É que na terça-feira eu
estarei assumindo, pelo Ministério da Saúde, todos os Conselhos da área da
Saúde. Fiquei muito lisonjeado pelo Governo Federal, mas estarei assumindo
todos os Conselhos em Brasília. Eu gostaria que V. Exa. conversasse com as
demais Comissões. Eu agradeço e sei que será um belo passeio. Obrigado por sua
intervenção.
Hoje, este período é destinado a tratar do assunto Apresentação da estrutura e
produção do Hospital Nossa Senhora da Conceição S.A. e suas filiais,
trazido pelo Dr. Carlos Eduardo Nery Paes, que representa o Grupo Hospitalar
Conceição.
Convidamos para compor a Mesa: Dr. Carlos Eduardo
Nery Paes, Diretor-Superintendente do Grupo Hospitalar Conceição; o Dr. Paulo
Bobek, Diretor Técnico do Grupo Hospitalar Conceição.
O Dr. Carlos Eduardo Nery Paes está com
a palavra.
O SR. CARLOS
EDUARDO NERY PAES: Boa-tarde, Sr. Presidente, Professor Garcia; saúdo
os Srs. Vereadores e as Sras. Vereadoras de Porto Alegre. Agradeço o convite
feito ao Grupo Hospitalar Conceição e a oportunidade de apresentarmos o Grupo
Conceição e nos colocarmos à disposição de todos os Vereadores do nosso
Município. Quero aproveitar e saudar também o Sr. Valter, que é Conselheiro de
Saúde da Região do Sarandi de Porto Alegre, que nos honra com a sua presença.
Estamos acompanhados, aqui, pela nossa equipe do Grupo Conceição, liderados pelo
nosso Diretor Técnico, Paulo Bobek. Vamos fazer uma breve apresentação do Grupo
Conceição para que V. Exas. conheçam o trabalho desenvolvido por esse próprio
do Ministério da Saúde.
(Procede-se à apresentação em PowerPoint.)
O SR. CARLOS
EDUARDO NERY PAES: O Grupo Conceição tem essa dimensão de ser
responsável por 35% das internações do SUS em Porto Alegre, oferece cobertura
na Atenção Básica a mais de 100 mil habitantes da nossa Cidade, tem a maior
Emergência da Região Sul do País, as duas maiores maternidades do Estado e
concentra o maior número de leitos de internação, de UTI e de serviços
especializados, além de possuir 35% da residência médica e multiprofissional do
Estado do Rio Grande do Sul.
É composto por quatro hospitais – o maior deles é o
Hospital Nossa Senhora Conceição, um hospital geral –, possui emergência aberta
24 horas, é responsável pelo atendimento de um grande volume de pacientes,
sendo que 25% das consultas de emergência realizadas na Cidade ocorrem no Grupo
Conceição e 50% dos casos de câncer identificados ou à espera de identificação
na nossa Cidade são diagnosticados no Grupo Conceição. O Hospital da Criança
Conceição é um hospital com mais de 200 leitos, um hospital pediátrico e também
possui uma grande Emergência 24 horas, UTI neonatal, UTI pediátrica e leitos de
internação. O Hospital Cristo Redentor, hospital de trauma, é o pronto-socorro
da Zona Norte, tanto que dois-terços das internações daquele hospital são por
trauma. Ele possui diversas especialidades, todas elas voltadas ao atendimento
ao paciente politraumatizado, mas não só na situação de urgência, como também
em situações de atendimento eletivo. Temos um quarto hospital, que é o Hospital
Fêmina, dedicado à saúde da mulher – hoje, 17% das suas internações já correspondem
a internações de pacientes com câncer. É um hospital que possui uma grande
maternidade, a maior maternidade nesse momento no nosso Estado, um banco de
leite que é referência na América Latina e um centro de reprodução humana que
faz procedimentos diversos de reprodução assistida, todos gratuitamente. Além
disso, nós dispomos do gerenciamento da UPA Moacyr Scliar, a UPA Zona Norte,
inaugurada em setembro de 2012, e, de lá para cá, já atendeu quase 200 mil
pessoas, ou seja, 11 mil pacientes por mês. Nessa Unidade nós realizamos
atendimento clínico, cirúrgico, odontológico, pediátrico, exames laboratoriais
e radiológicos, de forma que 97% dos pacientes que vão consultar na UPA não
necessitam, na sequência, ir a qualquer tipo de estabelecimento hospitalar, ou
seja, fazendo também parte do processo de redução do aporte de pessoas às
unidades de emergência da nossa Cidade. Temos também o serviço de saúde
comunitária, que são 12 postos de saúde, 38 Equipes de Saúde da Família, que
atendem a uma população de mais de 105 mil pessoas. Ano passado, realizamos 255
mil consultas na nossa Cidade a essa população, e quase 800 mil procedimentos,
entre vacinações, aconselhamentos, reuniões com grupos. E esse serviço tem
trazido, também, um grande benefício, através, por exemplo, de ações voltadas a
pessoas com asma. As ações especificamente voltadas a crianças com essa doença
fizeram com que nós tivéssemos, no ano passado, uma redução de 25% das
internações de crianças asmáticas, especificamente dessa região, o que foi um grande
ganho para essa população. Além disso, nós possuímos um Caps Álcool e Drogas,
que funciona 24 horas na Rua Carneiro da Fontoura, temos um Caps II, para
atendimento psiquiátrico adulto; um Caps I, para atendimento de crianças e
adolescentes, atendimento psicossocial. Além disso, temos um Consultório de
Rua, temos o serviço de atenção domiciliar que realiza internação hospitalar de
dezenas de pacientes. Mais ainda: temos atividade de ensino. Hoje nós temos 410
residentes da área médica e do conjunto de carreiras da área da saúde, uma
residência multiprofissional, temos um campo de estágio para inúmeras
profissões. No ano passado, 5.500 alunos de graduação, dos mais diversos cursos
da área da saúde, passaram pelo GHC. Poucas universidades no País têm um espaço
tão amplo quanto as universidades aqui no Estado de trabalho dentro do Grupo
Conceição; foram mais de 1.300 alunos de medicina que também passaram pelo
nosso Hospital durante o ano passado. Realizamos vários cursos, temos formação
de ensino técnico, aperfeiçoamento, especialização; teremos, em breve,
doutorado também, e temos 36 instituições conveniadas – escolas técnicas,
universidades, cursos de ensino superior, etc. Além disso, neste momento, são
280 pesquisas clínicas realizadas dentro do Grupo Conceição, todas elas com
acompanhamento das comissões de ética em pesquisa para resguardar o direito dos
pesquisados e temos também uma política de incentivo de fomento ao ensino e à
pesquisa no Grupo Conceição. O GHC hoje realiza 60 mil internações, 36 mil cirurgias
por ano, 2 milhões e 400 mil consultas. São 8.861 servidores, mais 2.900
pessoas entre funcionários, terceirizados, estagiários, médicos e demais
residentes. Além disso, nós temos um total de 1.552 leitos, dos quais 205
leitos de UTI, 144 consultórios, temos 5 emergências com funcionamento 24 horas
e, correspondendo a isso, aqueles números de que nós já falamos,
correspondentes a internações e cirurgias, 2 milhões e 700 mil exames
laboratoriais por ano, quase 400 mil exames de imagem, 52 mil quimioterapias
realizadas também por ano, ou seja, cerca de mil pacientes por semana. Tudo
isso especialmente na Zona Norte da nossa Cidade. Nós temos o Hospital Fêmina,
que fica na região central, e todos os demais serviços localizados naquela
região. Esse é o sistema de monitoramento estratégico que a Casa Civil e a
Presidência da República fazem ao Grupo Conceição. Ali estão dispostos alguns
hospitais que fazem parte do Programa SOS Emergências, programa que monitora
vários aspectos, e o principal deles se refere ao tempo de permanência dos
pacientes na emergência. Nós verificamos que hoje o Grupo Conceição, uma das
grandes emergências do País, é o que melhor está respondendo a esse processo.
Essa é uma cópia da imagem retirada há pouco. Esse é outro monitoramento que é
feito do nosso Hospital e de todos os hospitais. O monitoramento que a
Presidenta da República tem de acesso à nossa emergência. Aqui, a distribuição
dos mecanismos de resistência bacteriana, das infecções hospitalares, ou seja,
é uma distribuição mundial, concentrada especialmente nos países mais
desenvolvidos. A distribuição da mortalidade no Hospital Conceição, onde
podemos ver uma tendência discreta, mas permanente, de queda dessa mortalidade.
A taxa de infecção hospitalar também, em que temos uma tendência de redução
progressiva, mas permanente. O Hospital da Criança Conceição também, a sua UTI
pediátrica, com essa mesma taxa de redução em permanente decréscimo. Aqui são
as questões estratégicas nas quais fazemos monitoramento diário, todos nós,
gestores do Grupo.
Essa é a conclusão das ações desenvolvidas no ano
passado: monitoramos 84 ações estratégicas, em 83% delas tivemos um desempenho
bom e ótimo, ou seja, aquelas 14 ações em que ainda estamos com desempenho
abaixo do esperado, realizamos um esforço para, cotidianamente, melhorar e
colocar num patamar cada vez mais elevado. Agora, vamos colocar aqui o grau de
satisfação do usuário: comparando o ano de 2012 com 2013, é crescente. O número
de consultas também vem se mantendo estável, com um discreto aumento. O número
de exames complementares também está aumentando no Grupo Conceição. O número de
internações se mantendo estável. O número de cirurgias também se mantendo num
patamar muito estável, satisfatório, ou seja, superior ao contratado. O número de procedimentos assistenciais superior, o
tempo de permanência hospitalar nós estamos mantendo estável; as taxas de
infecção em decréscimo nas UTIs adultas, as taxas de ocupação hospitalar também
se mantendo satisfatoriamente, com uma pequena redução; taxa de mortalidade
também com uma redução discreta, mas real. Então, essa é a matriz de que nós
fazemos o acompanhamento dos nossos resultados.
Horas de formação:
hoje no Grupo Conceição nós temos uma meta de 26 horas de formação por servidor
– e nós atingimos essa meta. O Grupo Conceição desenvolve políticas afirmativas
de inclusão social. Temos o programa Jovem Aprendiz, com mais de 200 estudantes
e jovens que realizam atividades lá. Somos pioneiros, no âmbito federal, no
programa de ingresso através de cotas também.
Nós recebemos
recentemente o quarto selo consecutivo referente à Pró-Equidade de Gênero e
Raça. E anteontem nós nos inscrevemos para o quinto selo. Ou seja, nós temos um
desempenho avaliado pela presidência da República, pela SEPPIR e Pela
Secretaria de Política de Mulheres como desempenho muito satisfatório desse
ponto de vista. Conquistamos, no final do ano passado, o prêmio de
Responsabilidade Social da Assembleia Legislativa na categoria instituição
pública.
No ano passado, foram
repassados R$ 857 milhões por parte do Governo Federal, dos quais R$ 175
milhões foram aplicados em assistência e os 84% demais foram gastos em
pagamento de pessoal e de mais benefícios.
Aqui é o repasse, por
parte do Governo Federal, Fundo Nacional de Saúde: ele, há três anos, era R$
140 milhões, atualmente é R$ 156 milhões, um aumento permanente, mas ainda
insuficiente. Recebemos cerca de R$ 13 milhões por mês.
Aqui, infelizmente a
visibilidade não é boa, mas o que está em vermelho é o crescimento de gastos em
vários itens, como materiais de conservação, materiais farmacológicos, etc, em
que nós tivemos um crescimento superior ao crescimento que nós tivemos de
aporte financeiro. Aqui nós podemos ver o número de trabalhadores do Grupo Hospitalar
Conceição, desde 2003. Nós tínhamos lá 5.600 trabalhadores, aproximadamente;
hoje são 8.000, quase 9.000 trabalhadores.
A remuneração média no Grupo Hospitalar Conceição,
em 2002, era de menos de R$ 2.5 mil; a linha verde é a remuneração média a cada
ano. Atualmente, a remuneração média é perto de R$ 6 mil no Grupo Hospitalar
Conceição, e o INPC teve um crescimento bem abaixo. Nós podemos ver o quanto
está se distanciando, ou seja, o quanto tem aumentado, permanentemente, a
remuneração dos trabalhadores do GHC. A remuneração médica também, ou seja,
superior ao próprio crescimento do INPC e, principalmente, a seguir, a
remuneração dos auxiliares de enfermagem, que tiveram um aumento bastante
superior também ao INPC, e que, nos últimos anos, e a partir de agora, tenderão
a ter uma diferença maior ainda no ponto de vista positivo.
Nós temos diversos benefícios que nós trabalhamos
junto com o conjunto dos nossos empregados. Eles já recebem hoje um vale
alimentação também além dessa grade remuneração; há uma equiparação entre
técnicos e auxiliares de enfermagem, que corresponde à cerca de 50% dos
trabalhadores.
A demissão dentro do Grupo Hospitalar Conceição só
pode ser uma demissão motivada, ou seja, não depende do agrado ou desagrado de
uma chefia, tem que haver um conjunto de motivações como no serviço público.
Quanto ao aumento do número de trabalhadores, que nós já destacamos. Temos uma
mesa de negociação permanente com 18 sindicatos, na qual nós debatemos e
trabalhamos um conjunto de ações que são transformadas, posteriormente, em
conquistas desses trabalhadores, e conquistas para o Sistema Único de Saúde.
Todos os trabalhadores que atingirem o conjunto de
metas, também negociadas na mesa, também recebem seis dias adicionais de
folga-prêmio; temos licenças para capitação, etc.
Este, preliminarmente, então, é o trabalho que nós
realizamos. É um trabalho bastante grandioso, é um compromisso muito intenso de
todos nós com o Sistema Único de Saúde, compromisso que não nasceu agora,
compromisso de toda nossa equipe, não só de gestores, mas fundamentalmente dos
8.800 trabalhadores da nossa equipe. E nós, permanentemente, com os
trabalhadores, mas também com o conjunto dos usuários. Nós temos uma relação de
contato, uma relação de conquistas. O Grupo Conceição foi pioneiro na instituição
de um conselho gestor. Hoje, então, nós temos esse Conselho: metade dos
componentes são usuários do Grupo Conceição; metade se divide entre
trabalhadores e gestores. Ou seja, 50% usuários, 25% trabalhadores e 25%
gestores para debater, para decidir sobre o conjunto das questões cotidianas e
estratégicas do nosso Grupo Conceição.
Presidente, espero que tenhamos conseguido expor de
forma sucinta, mas, também, intensa aquelas questões que são centrais do
Sistema Único de Saúde, os eixos de compromisso que todos nós temos, que são,
ao final de tudo, o compromisso com a vida. Agradeço aos Vereadores e vou,
agora, escutá-los porque vimos aqui para falar, mas, principalmente, para ouvir
o que o conjunto dos Vereadores tem a nos dizer. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): Obrigado, Sr. Carlos Eduardo Nery Paes. Informo
que o material utilizado na exposição do Dr. Paes está à disposição dos
Vereadores para consulta, passando a fazer parte do acervo da Casa. Quero, antecipadamente,
agradecer por isso.
A Ver.ª Lourdes Sprenger está com a palavra em
Comunicações.
A SRA. LOURDES
SPRENGER: Sr. Presidente, quero cumprimentar o Diretor-Superintendente Dr.
Carlos Eduardo Nery Paes e o Dr. Paulo Bobek; nós acompanhamos antes mesmo de
estarmos na Câmara – estamos aqui somente há um ano e alguns meses – toda essa
trajetória das pessoas que necessitam de atendimento na saúde. Realmente, os
hospitais, onde estão localizados, têm uma grande procura. O que me fixa na
memória, e o que as pessoas nos falam é sobre pessoas nos corredores, pessoas
deitadas no chão esperando atendimento. E eu observei que o demonstrativo que
os senhores fizeram é de um elevado índice de satisfação. Não vou colocar por
terra a brilhante apresentação considerando os fatos reclamados, inclusive,
aqui, nesta semana, a denúncia de infecção hospitalar em alto grau, claro que
não em todas as instalações.
Mas o que nos deixa tristes é saber que essas
reclamações – não somente no seu grupo hospitalar – vêm de anos, desde quando
éramos adolescentes: não tem ficha, não se consegue. Eu mesmo conheço um caso
de uma pessoa que é ficha mil para atender Parkinson. Não quero pedir
prioridade para ninguém, mas isso é uma coisa que vem e vai, e nós estamos na
Câmara ouvindo as pessoas reclamarem, vamos a um bairro, reclamam da saúde.
Embora a sua apresentação tenha sido muito boa, na realidade alguns setores não
são contemplados conforme o que foi exposto aqui. Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): Obrigada, Ver.ª Lourdes. Eu quero registrar a
presença entre nós – e solicitei que ele nos acompanhasse neste momento – do
Dr. Sereno Chaise. Quero dizer, Dr. Sereno Chaise, da alegria do senhor estar
aqui conosco. Na próxima semana, esta Casa vai fazer uma homenagem e vai
restituir os mandatos, de forma simbólica, para fazer, pelo menos, um resgate
de algo que ocorreu. Queremos resgatar isso, 50 anos, e dizer que, na próxima
quinta-feira, vai ser uma alegria recebê-lo aqui nesta Casa. E sinta-se em
casa! Neste momento, vou chamá-lo de Sr. Prefeito. Obrigado, Sereno. (Palmas.)
O Ver. Dr. Thiago está com a palavra em
Comunicações.
O SR. DR.
THIAGO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, caro Dr. Sereno
Chaise, caro Nery, caro Bobek; eu quero, primeiro, como já tinha feito em outra
oportunidade, colocar à disposição a Comissão de Saúde e Meio Ambiente para
proceder a uma visita, o que foi aceito pelo Grupo Hospitalar Conceição,
estendendo o que temos feito em todas as urgências e emergências da Cidade ao
Grupo Hospitalar e ao Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Eu quero, Ver.ª Lourdes, falar sobre algumas
questões. Existem algumas questões de fluxo na saúde municipal que fazem com
que os hospitais sofram tanto quanto os pacientes, porque, na verdade, o
problema é de fluxo do gestor público municipal – e falo especificamente dos
casos de oncologia e dos casos de perda de membro, sentido ou função. Na gestão
exitosa do melhor Secretário da Saúde que este Município já teve, Dr. Pedro Gus
– hoje, Presidente da B'nai B'rith –, nós tínhamos uma comissão de saúde dentro
da Secretaria Municipal da Saúde, que avaliava a gravidade desses casos, a
necessidade desses casos terem uma celeridade, e fazia com que isso ocorresse.
Infelizmente, isso foi desativado.
E nós estamos hoje, em Porto Alegre, em muitas
situações, transformando doenças curáveis em doenças incuráveis. E, em muitas
dessas vezes, os hospitais – o GHC, o Hospital de Clínicas – também são vítimas
desse sistema perverso. É esse sistema perverso que faz com que o paciente
oncológico, aquele que tem câncer – para o nosso público, que nos ouve e nos
assiste –, tenha o seu diagnóstico realizado na emergência do hospital, porque
ele não consegue ter acesso ao sistema de saúde, Ver.ª Jussara; através da
unidade básica, ele não consegue chegar à unidade hospitalar. E lá na unidade
hospitalar, muitas vezes, nos hospitais – falam, nos falaram no passado e,
certamente, quando nós formos lá, vão nos falar este ano de novo –, existe um
índice de absenteísmo, de falta à consulta especializada de cerca de 30%, e
isso ocorre por incompetência, é o nome que se tem que dar a isso. O que é que
tem que acontecer? Nós já colocamos no relatório. Uma regionalização dos
serviços, em primeiro lugar. Tem transplante em dois lugares, por exemplo, no
Hospital de Clínicas e no Grupo Hospitalar Conceição. Divide-se a Cidade em
dois: metade se referencia geograficamente a um local, e metade, a outro. Vai
dar acesso aos pacientes.
A segunda questão fundamental é que a Secretaria
tem que assumir para si o gerenciamento que é seu, que é de avisar o paciente
da consulta especializada. Hoje se tem uma informatização, Ver. Mauro Pinheiro,
que não funciona, que nunca funcionou, o sistema Aghos não funciona, mesmo que tenha
sido dito diferente aqui em uma Comissão Parlamentar de Inquérito, não
funciona. E aí, o que é que acontece? O paciente fica sabendo da consulta, às
vezes, depois que ela ocorreu. Então, eu acho que nós temos, Ver.ª Lourdes –
está encerrando o meu tempo – que ir ao GHC, ver exatamente o que está
acontecendo, auxiliar o hospital, mas, muitas vezes, o que apontamos...
(Som cortado automaticamente por limitação de
tempo.)
(Presidente concede
tempo para o término do pronunciamento.)
O SR. DR.
THIAGO: ...como dificuldade dos hospitais, na verdade, é uma
falta de gestão do gestor público municipal da área da saúde. E isso nós vamos
continuar...
(Som cortado automaticamente por limitação de
tempo.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): O Ver. Alberto Kopittke está com a palavra em
Comunicações.
O SR. ALBERTO
KOPITTKE: Estimados colegas, muito boa tarde, nosso Presidente, Professor Garcia;
nosso Prefeito cassado pela Ditadura, Sereno Chaise; Dr. Nery, nosso gestor do
Grupo Hospitalar Conceição, eu estive o visitando algumas vezes, conhecendo o
avanço de gestão que o nosso Hospital Conceição tem hoje; obviamente, nós
sabemos que a mídia não cobre notícia boa, a mídia não cobre a imensa redução
do tempo de atendimento que se tem hoje na emergência, mas isso é normal, é
bom; é bom que seja assim, eles ficam no pé do gestor, mas é importante que nós
saibamos efetivamente da importância do que o GHC sempre foi, mas é muito mais
hoje, pelos investimentos feitos nos últimos dez anos, mais de R$ 200 milhões,
especificamente os investimentos de mais de R$ 30 milhões no ano passado
apenas. E por que algumas vezes, no passado... Eu gosto de dizer isto, porque o
senhor me mostrou muito bem aquela ideia do superinchaço, que já está ficando para
o passado, pela melhoria da gestão, mas por que estoura no GHC? Por que a gente
vê sempre no GHC? Obviamente, o Dr. Thiago, com muito mais propriedade do que
eu, aqui já falou da falta de um sistema de atenção básica na Cidade
efetivamente estruturado. O senhor sabe que, nos últimos dez anos, a Cidade já
teve o Instituto Sollus, o Cardiologia, a FAURGS e, agora, com o instituto, que
ainda está sendo questionado pela Justiça. A cada mudança, os agentes
comunitários da saúde perdem; a cada mudança, nós perdemos toda a estrutura de
gestão. Eu tenho conversado com as equipes dos agentes comunitários, e eles não
têm nem computador para fazer o acompanhamento dos mapas epidemiológicos,
colocar os dados. Isso estoura onde? Nós retrocedemos para a saúde terciária,
para a atenção mais grave, hospitalar, um retrocesso da história de Porto
Alegre. E, com isso, voltam doenças que Porto Alegre tinha deixado para o
passado e que hoje se tornam realidade de novo; doenças que, infelizmente, em
cidades que nós considerávamos antigamente, o Nordeste, já não tem mais lá, mas
voltaram em Porto Alegre.
O Sr. Dr.
Thiago: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Para avançar neste
debate, Ver. Kopittke, eu acho muito oportunas as suas colocações, nas quais eu
me solidarizo em gênero, número e grau; acho que vamos ter que aprofundar a
investigação dessas questões. Parabéns pelo seu pronunciamento!
O SR. ALBERTO
KOPITTKE: Obrigado. O senhor pode ter
certeza que essa vai ser a postura da Bancada do Partido dos Trabalhadores.
Para encerrar esse quadro de Porto Alegre, o
Município não financia nem o que tem contratualizado com os hospitais da
Cidade. Hoje é o Governo do Estado que financia boa parte do Hospital de
Clínicas e de outros grandes hospitais, porque a Prefeitura saiu do
financiamento. Claro que a população não tem conhecimento disso, mas nós vamos
estar mostrando esses dados.
E o Grupo Hospitalar Conceição tem hoje as melhores
equipes de saúde da família em atenção básica. Se não me falha a memória, são
12 postos, 39 equipes, com um atendimento incomparável com o resto da Cidade, e
os índices indicadores de saúde mostram isso, como o de mortalidade infantil.
Esta é a imagem que eu queria mostrar por fim: imaginem se não fosse o Grupo
Hospitalar Conceição, Ver.ª Sofia Cavedon, nesses últimos dez anos! A Cidade
tinha implodido a sua saúde.
Nós temos que fazer mobilizações sindicais, sem
dúvida, isso é legítimo e é a nossa história. Eu tenho certeza que é a história
do Dr. Nery, mas nós não podemos confundir a luta sindical com a
irresponsabilidade com a saúde pública, porque há um certo nível de denuncismo,
e os indicadores mostraram isso, como na questão da epidemia da superbactéria,
na forma como isso foi usado politicamente por certos segmentos dos sindicatos,
de forma oportunista, fazendo com que as pessoas simplesmente parassem de ir ao
hospital quando tinham que procurar ajuda. Luta sindical, sim, mas com
responsabilidade e sabendo efetivamente o que está acontecendo no nosso
Hospital Conceição, que é muito bom.
E eu repito: imaginem a saúde de Porto Alegre se
não fossem esses R$ 230 milhões de investimento que o Grupo Hospitalar
Conceição fez nos últimos anos. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra em
Comunicações.
A SRA. SOFIA
CAVEDON: Obrigada, Sr. Presidente; Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras; Dr. Carlos
Nery, Diretor Superintendente do Grupo Hospitalar Conceição; Dr. Paulo Bobek,
Diretor Técnico; eu quero dar, inicialmente, um depoimento. Eu tenho uma
sobrinha, que está morando na minha casa, de Brusque, Santa Catarina, porque
ela passou na residência de hospitais de várias cidades de Santa Catarina,
inclusive no hospital de Florianópolis, mas, como toda a área médica fala que é
muito melhor no Hospital Conceição, ela veio para Porto Alegre porque passou na
residência do Hospital Conceição. E a fala é a seguinte: Tu queres aprender
mesmo, queres sair um grande médico? Vais para o Hospital Conceição, pela
complexidade, pela diversidade de atendimento, que vai da atenção básica à alta
complexidade, emergência, hospitais segmentados pela intensidade do
atendimento, seja a quantidade de pessoas, a multiplicidade de casos. Ela está
aqui em Porto Alegre, Mauro, deixou a família, veio estruturar aqui a sua vida
para aproveitar a formação que o Hospital Conceição possibilita no seu
trabalho.
Então, era o primeiro tema que eu queria chamar a
atenção. Nós temos um grande hospital-escola dedicado à pesquisa, dedicado à
formação de jovens médicos e que tem um grande compromisso social. A pergunta
do Kopittke tem muita pertinência, porque quando a gente vai, por exemplo, em
encontros de agentes comunitários de saúde, o destaque dos agentes comunitários
do Hospital Conceição, a atuação do Hospital Conceição, a liderança dos grupos
do Hospital Conceição num movimento de valorização da estratégia da saúde da
família transparece em todos os debates de que nós participamos. A Zona Norte
da Cidade não teria alternativa, por ser uma zona extensamente densificada, mas
a gente sabe dos números e sabe que 34% dos pacientes são da Região
Metropolitana e 15% do Interior, mas 50% são daquela grande Zona Norte, uma
Zona Norte, Mauro, de trabalhadores, penalizadíssima pela absurda fragmentação,
limitação e desarticulação da atenção básica no Município de Porto Alegre. E
eu, muitas vezes, assim como nós sabemos que outros hospitais de pronto
atendimento resolvem muitos dos problemas de uma atenção básica ineficiente,
nós sabemos que a rede hospitalar Conceição salva a saúde de Porto Alegre,
daria para dizer isso, Presidente Professor Garcia. Porque, de fato, nós temos
um problema seriíssimo de gestão. Não é porque aqui veio o Ver. Cecchim dizer
que a nossa Bancada foi se reunir com o Prefeito, que nós perdemos a nossa
capacidade crítica. Nós somos críticos, nós denunciamos, nós fiscalizamos, mas
nós temos propostas, nós temos proposições para a Cidade, e nos reunimos com o
Prefeito para proposição do tema do transporte. E, na saúde, a Bancada do PT
está fazendo um profundo debate, Dr. Thiago. Já começamos uma série de
plenárias com nossos militantes, sejam da base do Hospital Conceição, sejam dos
postos de saúde, do HPS, da rede privada. E nós estamos atualizando, no Partido
dos Trabalhadores, um diagnóstico sobre a saúde Porto Alegre. E nós sabemos que
ela precisa de medidas fortes. E quero afirmar aqui que o Conceição, com essa
imensa rede, e repito, que tem os Caps, do atendimento na área de drogas, de
adolescência, de infância, do adulto, que tem o pronto atendimento, que tem o
atendimento à gestante, à criança, as mais complexas cirurgias, tem muito a nos
ajudar nesse diagnóstico, tem muito a nos indicar de medidas, soluções,
alternativas para a cidade de Porto Alegre.
E quero dizer, para não deixar de falar da
mobilização dos funcionários, da denúncia da terceirização, que nós, de fato,
sabemos que é um problema sério a terceirização em saúde, a terceirização nos
demais serviços públicos básicos, nunca é uma questão simples, nós trabalhamos
muito seriamente aqui. Nós fizemos grandes debates aqui sobre o IMESF, sobre a
saúde básica ser terceirizada, agora, os serviços que o Conceição têm
terceirizado, infelizmente, são setores terceirizados, setores de áreas
operacionais problemáticas. Nós temos levantado muitas questões sobre isso e
achamos que tem que ter a vigilância do Sindicato, sim, a atuação firme do
Sindicato, mas não uma atuação que desmereça toda força e todo o trabalho do
Hospital Conceição.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): Obrigado, Vereadora. O Ver. Valter Nagelstein está
com a palavra em Comunicações.
O SR. VALTER
NAGELSTEIN: Sr. Presidente, Ver. Professor Garcia; quero cumprimentar V. Exa. e os
demais Pares. Quero cumprimentar o Dr. Carlos Eduardo Nery Paes, Diretor-Superintendente
desse colossal Grupo Hospitalar Conceição, que tem, no próprio Hospital
Conceição, a sua referência, e também no Hospital Cristo Redentor, na UPA da
Zona Norte e no Hospital Fêmina, que sabemos o inestimável serviço que presta,
especialmente às nossas mulheres, na parte de obstetrícia, de ginecologia, às
parturientes, enfim. Eu quero, da mesma forma, cumprimentar o Dr. Paulo Bobek,
Diretor Técnico do Grupo Hospitalar Conceição, os nossos respeitos; cumprimento
o nosso Jorge Mendes Ribeiro e o Jeferson, do núcleo do PMDB, do Hospital
Conceição, que aqui também estão. Sejam bem-vindos à Casa do Povo de Porto
Alegre. Quero fazer um cumprimento muito especial ao Dr. Sereno Chaise,
ex-Vereador de Porto Alegre, ex-Prefeito da nossa Capital, homem público da
maior envergadura da história política brasileira, político cassado no Golpe
Militar de 1964 e que merece todo o nosso respeito e nossa consideração por sua
história, por seu trabalho, por sua luta, história que eu tenho certeza que honra
os melhores capítulos da política brasileira.
Eu me criei, meu querido Machadinho, que aqui está
também, numa Casa trabalhista, acompanhando o meu velho, desde pequeno, e junto
com vocês, com o nosso Machadinho, com o Dr. Brizola, com o Dr. Sereno Chaise,
no Governo do ex-Governador Collares. Vi o processo de redemocratização, ainda
menino, quando cheguei aqui, em 1984, para concluir o 1º grau e fazer o 2º
grau. Lembro-me daquele histórico comício das Diretas, ali no Largo, na frente
da Prefeitura Municipal, e das lideranças que estavam, mais uma vez,
capitaneando aquele processo da democracia, entre elas o nosso querido
ex-Prefeito de Porto Alegre Sereno Chaise. Então, acho que é um momento
especial para a nossa Casa a sua presença conosco.
Quero, Sr. Presidente, fazer eco aos Vereadores que
me antecederam, dizendo da importância do Grupo Hospitalar Conceição e da
importância da temática da saúde no nosso País.
Nós temos um sistema de saúde que é o Sistema Único
de Saúde, que se propõe a democratizar o acesso universal à saúde, e isso é um
conceito extremamente importante, que deve ser, sim, por nós perseguido.
Estamos sempre lutando contra as dificuldades
orçamentárias, que são, de certa forma, comuns a todos os entes federados,
desde o governo federal até os governos estaduais e aos municípios não é
diferente. E nós temos, conspirando contra as Capitais, a tal de
“ambulancioterapia”, que, como posso ver, impacta, de forma muito forte, Ver.ª
Jussara Cony – meus cumprimentos a V. Exa, que foi gestora do Grupo e, tenho
certeza, sabe disso –, o sistema de saúde da Capital.
Não é diferente a realidade do Hospital Conceição
da realidade da nossa Santa Casa, por exemplo. Sabemos quantos e quantos ônibus
e ambulâncias acorrem todos os dias à Capital para buscar aqui os recursos
tecnológicos e apoio. Isso acaba, de alguma forma, drenando os próprios
recursos que são destinados à saúde.
Se nós tivéssemos a municipalização plena, Ver.
Professor Garcia, do serviço de saúde em todos os Municípios, certamente
teríamos isso mais equanimemente distribuído. Infelizmente, não é assim. Mas os
números são enormes, assim como não menores, tenho certeza, são os desafios. É
óbvio que isso toca num dos nervos mais sensíveis da população, que são as suas
agruras, as suas doenças e que, de certa forma, se expressam do modo mais
perverso que podemos observar na nossa sociedade, que é essa dificuldade de nós
realizarmos a pleno aquilo que está no papel e que é tão bonito, que é
exatamente essa universalização do acesso à saúde.
Não é diferente o que passa o Hospital Conceição do
que passa o Hospital de Clínicas ou o próprio Pronto Socorro. Então, é um
desafio que nos resta a todos: fazer, de fato, esse enfrentamento e
conseguirmos alcançar.
Quero só registrar, Sr. Presidente, que Porto Alegre,
neste contexto – inobstante todas as dificuldades que eu já disse que são
inerentes a todos –, aplica mais do que o mínimo constitucional, e esse é um
fato a ser destacado. Nós aplicamos, aqui, 21% do orçamento em saúde. Eu fui
Presidente da Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do Mercosul de Porto
Alegre por duas vezes, e nós acompanhamos, Ver. Dr. Thiago, a execução
orçamentária e podemos atestar que 21% do orçamento é executado aqui. E quero
aproveitar a sua vinda e a presença aqui do Dr. Sereno Chaise e do Ver. Dr.
Thiago para esperar que, agora – assumiu a Dra. Sandra, parece-me que sucede o
ex-Secretário Ciro Simoni –, nós possamos ver adimplida a dívida que existe em
torno de R$ 45 milhões que o Governo do Estado ainda deve a Porto Alegre, que é
um dinheiro que, não tenham dúvida, faz falta no sistema municipal; faz falta
hoje, no dia a dia, para que possamos fazer um atendimento condizente nas
unidades de saúde de bairro, nos postos de saúde, no Posto de Saúde Modelo, ou
quaisquer outros do nosso sistema municipal, então...
(Som cortado automaticamente por limitação de
tempo.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): A Ver.ª Fernanda Melchionna está com a palavra em
Comunicações.
A SRA.
FERNANDA MELCHIONNA: Boa tarde a todos e a todas. Queria começar este
momento de Comunicações falando das diferenças dos gestores, Sr. Carlos Nery e
Sr. Paulo Bobek, das diferenças dos dados trazidos pela gestão do Grupo
Hospitalar Conceição para aquilo que eu presenciei hoje de manhã lá, tanto no
Cristo Redentor quanto no Conceição, diante da paralisação dos trabalhadores do
Grupo. E nós estamos muito preocupados com a situação daqueles hospitais, pois
é um grupo que atende a milhares de pessoas – milhares ao dia e milhões ao ano,
totalizando – e que é extremamente demandado não só pela população de Porto
Alegre, mas por toda a população do Estado do Rio Grande do Sul, que demanda do
serviço de saúde pública para garantir atendimento, prevenção, para garantir
aquilo que está na Constituição como um direito dos nossos cidadãos, a saúde
pública de qualidade, e que, infelizmente, o Brasil ainda está longe de
oferecer. É uma luta das entidades, do povo, para que, de fato, nós tenhamos
uma saúde padrão FIFA.
Independentemente disso, eu gostaria de discutir os
problemas concretos daquilo que nós estamos acompanhando, das denúncias dos
trabalhadores, da superlotação e dos problemas da emergência, da crise em
relação à ausência de negociação, das perseguições aos trabalhadores que fazem a
sua luta sindical, e, ao mesmo tempo, da intransigência da Direção do Hospital
em discutir com a categoria.
Nós estamos vendo, hoje, a segunda paralisação de
12 horas dos trabalhadores, diante do não cumprimento do acordo firmado na
Justiça – na Justiça! – em 2012. Um acordo que previa a gratificação que os
médicos e os odontólogos ganharam para as outras áreas da saúde; uma negociação
que previa a questão do anuênio e a redução da jornada de trabalho como parte
de uma greve da categoria em 2012, e, unilateralmente, a Direção do Hospital
não cumpriu e rompeu a negociação com os trabalhadores.
Nós queremos discutir o problema das bactérias, e
aí eu queria dizer ao Ver. Kopittke que eu acho muito engraçado, muitas vezes,
o Partido dos Trabalhadores. Quando é luta sindical organizada dos
trabalhadores contra qualquer órgão vinculado ao Governo Federal é denuncismo.
Parece que há muito tempo a independência de classe foi abandonada por muitos
que ontem defendiam o direito dos trabalhadores e, agora, quando os
trabalhadores fazem luta, trazem a público o absurdo das bactérias e defendem a
saúde pública, vira denuncismo. As denúncias da Associação dos Trabalhadores do
GHC trouxeram o Ministro da Saúde aqui para reconhecer que existiu infecção,
proliferação de superbactérias no Grupo Hospitalar Conceição. A partir da
denúncia dos trabalhadores! Querem esconder da população? Querem que o povo não
saiba que a terceirização da limpeza faz com que falte sabão para limpar o
hospital? Que reaproveitem luvas para limpar o hospital? Que a terceirização, o
sucateamento dos serviços fez com que aumentasse a possibilidade do
desenvolvimento dessas superbactérias, que colocam em risco a vida das pessoas
quando já estão em estado debilitado, exatamente como aconteceu no Hospital de
Pronto Socorro? Quando foi no Hospital de Pronto Socorro, vários Vereadores do
PT combateram o Governo Fogaça porque havia bactérias e faltava investimento na
saúde; mas quando a responsabilidade é dos partidos vinculados ao Governo
Dilma, aí é denuncismo. Isso é grave, gravíssimo! Hoje saiu no jornal que R$ 8
milhões, no mínimo, foi o prejuízo da terceirização no Hospital Conceição, R$ 8
milhões de prejuízo num contrato de mais de R$ 20 milhões. Está no jornal,
Controladoria-Geral da União, Presidente Garcia, R$ 8 milhões de dano aos
cofres públicos pela terceirização. Não sou eu quem estou falando, não é a
associação, não é o sindicato da saúde, é a Controladoria-Geral da União, que
pesquisou a partir da luta dos trabalhadores. Oito milhões de recursos
públicos!
Para concluir, Presidente, eu gostaria de
perguntar, primeiro, sobre a questão da limpeza. Fiquei sabendo hoje que não
tem contrato com a limpeza porque a Clinsul caiu fora do Grupo Hospitalar
Conceição, deixou centenas de pessoas com 50 dias de salário atrasado. Queria
perguntar aos gestores se é verdade ou como farão para pagar esses
trabalhadores da Clinsul e resolver o problema da limpeza? Por fim, perguntar
quando voltarão à mesa de negociação para apresentar uma proposta concreta aos
trabalhadores, porque os trabalhadores já votaram o indicativo de greve a
partir do dia 27 de março, e nós sabemos que é necessário que haja valorização
dos trabalhadores da saúde para garantir uma saúde pública de qualidade.
Obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): A Ver.ª Jussara Cony está com a palavra em
Comunicações.
A SRA. JUSSARA
CONY: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, quero iniciar
dizendo que tive a honra de ser Diretora-Superintendente do Grupo Hospitalar
Conceição na segunda etapa do Governo Lula. Tive esses dois companheiros de
trabalho juntos como meus diretores, um do Fêmina e outro do Hospital
Conceição. Vivenciei os problemas do Hospital Conceição junto com eles,
problemas que ainda existem e têm de ser sanados. Venho aqui dizer que o GHC é
um complexo e que o SUS, como o GHC o encara, não se restringe apenas a pensar
a saúde como emergência. Isso é doença. O Grupo Hospitalar Conceição, no que
tange à assistência, desde a Atenção Primária até a Alta Complexidade, é
contratualizado pelo gestor municipal. Aqui quero fazer um destaque: lá tem
porta aberta e porta de entrada na Atenção Primária, nas nossas Unidades
Básicas, com equipes multiprofissionais; no ensino e na pesquisa é um
contraponto hoje, referência para o Brasil e além de nossas fronteiras, sob a
ótica de inverter a lógica do mercado, está formando para o Sistema Único de
Saúde, para o fortalecimento do SUS, não só na área médica nas equipes
multidisciplinares, no controle social, incentivando mecanismos de participação
popular. Esta Vereadora, quando foi diretora junto com eles e o Dr. Barichello,
institucionalizou a mesa de negociação coletiva, por onde passa o próprio
controle social e a participação, um loco
estratégico do controle social para a prática dos princípios do SUS, que é o
maior projeto público de inclusão. O GHC é inclusão; Clínicas é inclusão! E é
isso que eu quero deixar marcado aqui nesta discussão, porque com certeza os
questionamentos o Dr. Nery vai responder. O GHC não está isolado! É isto que
nós temos que saber: o GHC não está isolado, assim como o Clínicas, mas num
contexto que precisa ser superado. E o Thiago trouxe isso muito bem aqui. O GHC
tem contribuído desde 2003 por uma decisão política do Presidente Lula de se
tornar 100% SUS. O GHC tem contribuído para superar aquilo que o Thiago disse:
ineficiente gestão pública que precisa qualificar os serviços com o
aproveitamento da capacidade instalada e cobrar daqueles com quem
contratualiza, não só dos públicos, que se submetem à cobrança, mas dos
privados, dos filantrópicos, dos que fecham a porta e mandam inclusive – só
falta o cartaz –: “Vai para o GHC, vai para o Conceição”. A estruturação
ineficiente entre os gestores para entender o SUS como uma política de estado.
O GHC tem contribuído para que superem os gestores esse tipo, pela sua
articulação de ser Ministério da Saúde. Oferta de serviço desigual e o
consequente descompasso para a organização do SUS. Faltam regionalização e
regulação! Vem tudo para Porto Alegre, vem tudo para o GHC, vem tudo para o
Hospital de Clínicas! Essa realidade tem que ser dita!
Relações de trabalho. Mesa de negociação instalada.
Greve, para mim, continuo defendendo: paralisação é um direito na luta dos
direitos dos trabalhadores! Mas não para tentar desconstituir, o sistema
público quer desconstituir o Sistema Único de Saúde. Quem é construtor do SUS,
quem passou desde a reforma sanitária até este momento, nesse processo, não
pode admitir essa desconstituição. Inclusive eu tenho proposta. Eu dizia,
quando era Superintendente, meus diretores, aos trabalhadores e à imprensa,
como defensora do SUS: eu quero que os gestores municipais que
contratualizam... Dizia às entidades dos trabalhadores, onde sempre tive
diálogo: fiscalizar e cobrar também os hospitais que estão contratualizados
pelo gestor municipal, Ver. Valter Nagelstein, que fecham as portas, não dão
assistência à população.
A questão das superbactérias? Eu enfrentei a
questão das superbactérias. E saibam, senhores – quando eu era diretora, junto
com os meus diretores –, que o GHC não era nem o primeiro, nem o segundo, nem o
terceiro; escamotearam e jogaram a questão da superbactérias, exatamente para
aquele que atendia o povo. Um crime! E digo desta tribuna, porque afastou milhares
de pessoas, inclusive das consultas marcadas. Isso é crime contra aqueles que
dependem do Sistema Único de Saúde. Por fim, senhores, há muito a fazer pelo
SUS, que queremos e merecemos. Agora, há muito a fazer, não desconstituindo os
serviços públicos, mas fortalecendo, ajudando e contribuindo para que cada vez
mais o GHC, o Hospital de Clínicas e os públicos cumpram esse papel histórico
pela qualidade de vida do nosso povo.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): O Ver. Mauro Pinheiro está com a palavra em
Comunicações.
O SR. MAURO
PINHEIRO: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Vereadores e
Vereadoras, primeiro quero cumprimentar o Nery não pela explanação, mas pelo
trabalho realizado no Grupo Hospitalar Conceição, Ver.ª Jussara Cony. A gente
que acompanha, Ver. Dr. Thiago, o dia a dia da Saúde do município de Porto
Alegre sabe da importância que tem o Grupo Hospitalar Conceição. Sabemos, Dr.
Nery, que problemas existem e vão existir sempre quando se administra,
principalmente grandes grupos como o Grupo Hospitalar Conceição. Eu tive a
oportunidade, antes de ser Vereador – ainda continuo tendo as relações – de
administrar um pequeno mercado lá no Rubem Berta, Ver. Professor Garcia, com 20
funcionários. Sei o quanto é difícil administrar 20 pessoas. O Dr. Nery
administra quase 12 mil pessoas, espalhadas por 12 Unidades Básicas, por 4
hospitais, a UPA e mais diversos outros serviços da comunidade. Imagino a
dificuldade de administrar todas essas pessoas, de administrar quando se lida
com a vida porque em um mercado se atende à população através de um comércio.
Ver. Tarciso, o Grupo Hospitalar Conceição trabalha
com pessoas que muitas vezes estão desesperadas, pessoas que chegam ali em um
momento difícil. Aqueles funcionários que estão lá devem estar preparados para
atender aquela pessoa. Imagine, Ver. Tarciso, que foi jogador de futebol, as
dificuldades de um grupo de um time de futebol; agora o senhor imagine um grupo
de 12 mil pessoas trabalhando com vidas, salvando vidas diariamente, minuto a
minuto. Além disso, sabemos das dificuldades enfrentadas no dia a dia. Nós,
brasileiros, temos que mudar o nosso modo de pensar, Ver.ª Mônica. Nós, muitas
vezes, ficamos nos queixando do Brasil e nos diminuindo. Muitas vezes,
criticamos o Hospital Conceição porque temos lá algumas dificuldades. O
Hospital Conceição é referência no mundo. Eu estive lendo a revista Compromisso
com a Vida, que me foi entregue, e temos aqui escrito – podemos comprovar isso
na prática – que vários países vêm até o Brasil conhecer o Conceição como
referência em saúde pública. O SUS é uma referência no mundo. Canadá, Estados
Unidos, Uruguai, todos mandando os seus profissionais até o GHC para aprender
como é a saúde pública. E nós, ao invés de estarmos elogiando e enaltecendo o
grande trabalho que é feito para a população, de forma 100% gratuita, que é o
Sistema Único de Saúde, nós ficamos criticando, às vezes, uns pequenos pontos
que têm problemas, problemas que acontecem em todo lugar.
Um dos maiores problemas do nosso hospital... Às
vezes a gente esquece porque acontece lá no final; o hospital não era para ser
o início, mas, sim, o final, para resolver os problemas maiores. Acontece que
pela falta de gestão no Município, pela falta de médico no posto de saúde, Ver.
Dr. Thiago, lá do Rubem Berta, do Timbaúva, do Santa Fé, aqueles postos que, diariamente, a população está aqui na COSMAM,
reclamando que não tem médico para atender, que falta remédio. Eles chegam lá,
é feito o acolhimento, mas o médico não consegue fazer o atendimento básico. O
que acontece? Essa população, que precisa desse atendimento, vai parar onde?
Vai parar lá no Hospital Conceição, onde não deveria ser feito esse tipo de
atendimento que deveria ser resolvido lá na Unidade Básica; isso atrapalha o
bom funcionamento do Hospital. Sem contar que, muitas vezes, faltam recursos
aos hospitais...
(Som cortado
automaticamente por limitação de tempo.)
(Presidente concede
tempo para o término do pronunciamento.)
O SR. MAURO
PINHEIRO: ...Só para concluir, Ver. Garcia. Essa falta de
recursos acontece por quê? Hoje a saúde é municipalizada e o recurso que
deveria vir para o Hospital Conceição tem que passar pelo Município de Porto
Alegre, mas ele fica retido. Além de o recurso chegar menor, pela
contratualização, ainda é retido pela má gestão do Município, causando
transtorno lá na ponta: no hospital! Obrigado, parabéns e bom trabalho!
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): Obrigado,
Vereador. O Ver. Engº Comassetto está com a palavra em Comunicações.
O SR. ENGº COMASSETTO: Sr. Presidente, Ver.
Professor Garcia; prezados visitantes; na pessoa do Nery, cumprimento todo o
Grupo Hospitalar Conceição; meus colegas Vereadores, Vereadoras; senhoras e
senhores; prezados colegas, o quão importante é um debate como este, num
momento como este.
Na verdade, o que nós
estamos debatendo aqui é um projeto de sociedade, sobre quais rumos estão sendo
desenvolvidos, quem são os aliados de um projeto como este e quem são os
adversários – é óbvio, é natural que existam –, e isso tem que ser debatido e
analisado. Agora, quanto à saúde pública, o Brasil é referência no modelo do
Sistema Único de Saúde. E, no Rio Grande do Sul, quem é que expressa essa
excelência da saúde pública do Sistema Único? Em Porto Alegre, através do Grupo
Hospitalar Conceição e do Hospital de Clínicas.
Há poucos dias, tivemos aqui um debate para aprovar
um investimento, no Hospital de Clínicas, de R$ 408 milhões – nem todos os
Vereadores votaram a favor. É óbvio que nós temos adversários políticos que
disputam esses projetos porque estão vendo a eleição de 2014. É isso o que nós
estamos debatendo aqui! E é claro que, quanto a um projeto como esse, seria
inconcebível, seria forçar a barra e dizer que tudo está 100%. Eu pergunto aos
senhores e às senhoras: qual é a gestão que não tem os seus desencontros? O
Nery traz, aqui o caderno onde apresenta os resultados monitorados: de 49
resultados monitorados, 7 apresentam índices insatisfatórios. Bom, é claro que
eu quero discutir esses índices insatisfatórios para verificar qual é a razão;
mas, ao mesmo tempo, 18 são considerados bons e 24 são considerados ótimos.
Nós também temos que fazer esse debate com o
Casartelli, porque gerir a saúde não é uma responsabilidade só do Município, só
do Estado ou só da União. E, aí, prezados colegas Vereadores, se não funcionar
o sistema, que é integrado, se o Município não repassar os recursos dos
convênios firmados, é claro que vai gerar problemas nessa cadeia. Quando isso
acontece, temos que debater, seja com o Casartelli, seja com a Secretária
Sandra Fagundes.
Agora, vamos fazer um debate aqui da bacteriologia,
e para aqueles que entendem um pouco de Biologia, não existe um ambiente onde o
ser humano esteja que não exista a reprodução de bactérias. E isso é constante
em todos os ambientes, inclusive nos meios hospitalares, quando aparecem as
bactérias resistentes. E o que é feito? Esses locais são isolados e se aplica
um tratamento específico, mas isso acontece todos os dias em todos os hospitais.
E quero fazer um debate sobre esse tema aqui: se isso não é consistente e
verdadeiro.
Portanto, Sr. Presidente, para concluir eu quero
dizer que o que está em debate aqui é o Sistema Único de Saúde, aqueles que
defendem o Sistema Único de Saúde e aqueles que pegam como bandeira para fazer
disputa num ano de processo eleitoral.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): Obrigado Vereador.
O Sr. Carlos Eduardo Nery Paes está com a palavra
para as considerações finais.
O SR. CARLOS
EDUARDO NERY PAES: Respondendo aos nove Vereadores que se
manifestaram, nós temos a destacar algumas questões; então, não vou especificar
de um ou de outro. Fundamentalmente, lembrar que o Sistema Único de Saúde é um
sistema absolutamente generoso e humanista; ele é o único sistema com essa
dimensão que atende a mais de cem milhões de habitantes em todo o Planeta com
caráter universal e gratuito, não existe nenhum outro sistema público com esta
característica e esta amplitude; 97% das vacinas realizadas, 95% dos
procedimentos oncológicos são realizados pelo SUS. Portanto, é muito bom quando
nós escutamos, por exemplo, a Ver.ª Cony, falar a cada parágrafo: SUS – Sistema
Único de Saúde. É muito importante que o Vereador incorpore essa expressão, porque,
às vezes, a gente escuta de uma forma correta, ou que nós possamos,
eventualmente, não considerar corretas, críticas ou elogios, e a pessoa não
fala no Sistema Único de Saúde. O Sistema Único de Saúde tem que ser defendido
e por todos porque ele é uma política de Estado. Então a lembrança do nome é
importante; é importante a gente vocalizar esse nome.
Eu quero destacar que a questão das Emergências é
um desafio mundial. Na semana passada, eu estava com alguns estudos referentes,
por exemplo, à superlotação dos hospitais no Canadá, pacientes em maca nos
corredores do Canadá. É um sistema também público, um sistema que tem uma
complexidade e uma amplitude comparável ao que nós precisamos, ao que nós
queremos ter aqui no nosso Sistema Único do nosso País. Nós temos o desafio da
minoria. A Ver.ª Melchionna citou situações da nossa Emergência, e é
conveniente lembrar da situação há um ano, há dois anos, há três, porque o
tempo de permanência dos pacientes na Emergência reduziu em 30%. Eu destaquei:
quando nós iniciamos o programa SOS Emergência, o Hospital Conceição, dos
grandes hospitais do País, tinha um desempenho que não era dos melhores; um ano
depois, ele foi o que mais obteve avanços, que menor tempo de espera apresentou
na Emergência. Isso não significa, evidentemente, uma situação de normalidade,
de satisfação, mas significa um desafio de todos os trabalhadores do Grupo
Conceição, um desafio que nós permanentemente estamos aperfeiçoando esses
benefícios aos usuários. O fato de abrirmos recentemente um prédio de
internação, termos uma Unidade de Pronto Atendimento repercutiu, porque
chegamos a ter 22 horas de espera para pacientes consultarem na Emergência. O
tempo de espera, hoje, no Hospital Conceição, o tempo médio, é de 25 minutos, e
o tempo para pacientes graves é zero. Na Unidade de Pronto Atendimento, UPA
Zona Norte, o paciente pouco grave, que hoje não chegaria a uma Unidade Básica
por dificuldade de acesso, tem um tempo médio de espera, entre a sua chegada e
a sua saída, de duas horas. Esse é um resultado comparável a Emergências
privadas, ou provavelmente resultado superior aqui no nosso Estado. Então, é
conveniente nós contextualizarmos antes de fazermos apurações mais
simplificadas.
A infecção hospitalar – é importantíssimo destacar
– no Grupo Hospitalar está decrescendo. No ano passado, ela foi menor do que no
ano anterior, por exemplo. A taxa de mortalidade no Hospital Conceição, no ano
de 2013, foi a menor dos últimos dez anos, isso com o aumento imenso do número
de pacientes com câncer, com um aumento
muito substancial dos índices de comorbidade e complexidade dos pacientes.
Enfim, esse desafio do Sistema Único de Saúde nós estamos enfrentando de cabeça
erguida, todos os 8.800 trabalhadores, e estamos vencendo.
O orçamento da saúde
no nosso País, nos últimos dez anos, triplicou. Ele é insuficiente, mas já
triplicou. Então, nós não contextualizarmos as condições em que nós estávamos e
as condições em que estamos pode ser um ato de simplificação da realidade. Nós
temos um desafio em Porto Alegre, que é o desafio da cogestão, envolvendo a
Secretaria Municipal, a Secretaria Estadual, o Ministério da Saúde e os
operadores, os hospitais – o Hospital de Clínicas, o Grupo Conceição e demais
hospitais. É fundamental que haja uma orquestração nesse processo. É um
processo que envolve esses entes, envolve recursos de todos eles, ou deve
envolver.
O GHC, hoje, realiza
uma produção de serviços superior, inclusive, ao contratado e aos recursos
recebidos. Por isso existe a necessidade hoje de repactuar e receber recursos
que mantenham o Grupo Conceição com a qualidade que aqueles dois milhões de
usuários reconhecem e que nós vimos nos índices de satisfação.
A terceirização do
Grupo Hospitalar Conceição na área de higienização existe desde 1998. O que nós
vimos está totalmente comprovado: não existe relação entre a terceirização de
serviços de higienização e taxa de infecção e taxa de mortalidade. O que existe
nesses casos... e essa tese, portanto, está absolutamente afastada, foi a tese
central de alguns antes, mas é uma tese que a vida mostrou, a vida daqueles que
se salvaram a mais este ano mostrou.
Por outro lado, nós
temos um desafio no nosso País. O Brasil hoje está rumo ao pleno emprego. Porto
Alegre tem 2,8% apenas de desemprego. Isso faz com que a rotatividade dos
trabalhadores seja maior. Portanto, nós temos uma necessidade, principalmente
por esse motivo, de reduzir a terceirização especialmente na área de
higienização no ambiente hospitalar. Mas é por esse motivo, porque, pelo
treinamento e qualificação, nós temos envolvimento tanto com relação aos
trabalhadores terceirizados quanto com os próprios.
A Controladoria-Geral
da União realiza inspeções permanentes no Grupo Conceição, faz acesso direto,
no local; acesso remoto, esse é um trabalho que nós temos. A CGU é um órgão do
Governo Federal, e ela tem feito, no correr dos anos, diversos apontamentos. O
que nós garantimos é que cem por cento desses apontamentos nós temos resolvido
e cumprido, porque nós vemos, na CGU, uma grande parceira da gestão dos nossos
serviços. Nós temos total interesse na apuração do conjunto de itens relatados
pela CGU através da abertura de sindicâncias que vão apurar eventuais
responsáveis. Vamos responsabilizar esses responsáveis se houver,
eventualmente, algum prejuízo. Agora, ficou muito demarcado que a grande
maioria das questões envolve alguns processos de melhoria, boa parte até já
aconteceu, e os outros – necessários –, nós vamos corrigir.
Fica claro também
que, quando se fala em montante financeiro, a própria CGU reconhece que é uma
avaliação preliminar dela e que ela não possui uma segurança sobre esse valor.
Cabe aos processos de apuração que nós realizaremos a identificação do montante
e a responsabilização de eventuais responsáveis. Se for o caso, se estiverem envolvidos,
eventualmente, profissionais do Grupo Conceição, eles responderão; se forem
empresas jurídicas, responderão, e assim sucessivamente. Então, nós temos a
capacidade e, mais do que isso, temos total interesse em identificar qualquer
tipo de situação irregular, esse é o nosso compromisso. O nosso compromisso é
com a causa pública e com o Sistema Único de Saúde.
Por fim, com relação
às negociações com os trabalhadores, eu já destaquei – acho que quem fez menção
à dificuldade de negociação talvez não tivesse presente no momento –nós temos
uma mesa de negociação, que a Ver.ª Jussara, inclusive, descreveu e,
posteriormente, o Ver. Mauro também fez referência. Nós temos uma mesa de
negociação com 18 sindicatos. Essa mesa tem um funcionamento absolutamente regular,
ela tem trazido um conjunto de benefícios. Eu começo pelo primeiro deles: foi a
primeira instituição pública federal – no tempo, inclusive, que a Ver.ª Jussara
Cony era Diretora- Superintendente do Grupo Conceição – a instalar a
licença-maternidade de seis meses como conquista das trabalhadoras. Essa foi
uma conquista da mesa de negociação. Essa mesa continua, ela tem um conjunto de
regramentos, um conjunto de apurações. Cabe dizer que a questão envolvendo o
Banco de Olhos é o próximo passo que nós temos o compromisso de tratar, estamos
desenvolvendo já um acordo com diversos sindicatos, e a ideia é chegarmos a um
consenso envolvendo sindicatos e gestão.
Por fim, último item,
a Clinsul Mão de Obra e Representação, que foi citada aqui: houve uma dificuldade
eventual de pagamento por parte da empresa aos trabalhadores, e nós rompemos o
contrato com essa empresa. O Sindicato Intermunicipal dos Empregados em
Empresas de Asseio e Conservação ingressou ontem com uma liminar, teve
resultado satisfatório, houve acolhimento da liminar. Portanto, o Grupo
Hospitalar Conceição vai fazer o repasse diretamente a esses trabalhadores, via
sindicato, o que representa uma capacidade de mantermos os serviços em pleno
andamento, e seguramente, nos próximos dias, nós teremos uma solução definitiva
desse caso.
Quero destacar também
que nós estamos num processo de renovação, com um novo termo de referência com
relação à contratação de empresas de higienização no Grupo Conceição, e,
paralelamente, dentro do Ministério do Planejamento de Orçamento e Gestão, com
a viabilização de novas vagas de contratação própria para serviço de
higienização.
Eu quero agradecer o
Presidente Professor Garcia pela oportunidade que nos deu, quero agradecer a
todos os Vereadores aqui presentes pela escuta, pela fala no espaço democrático
que é a nossa Câmara Municipal de Porto Alegre. Coloco, mais uma vez, o Grupo
Conceição à disposição dos nobres Edis. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): Obrigado ao
Dr. Carlos Eduardo Nery Paes, Superintendente do Grupo Hospitalar Conceição; ao
Dr. Paulo Bobek, Diretor Técnico do Grupo Hospitalar Conceição; quero dizer da
nossa alegria, e, ao mesmo tempo, a Casa sente-se orgulhosa dos senhores virem
aqui prestar esclarecimentos, e esta aqui é a Casa do contraditório. Tivemos
oportunidade para também virem aqui fazer as denúncias que julgavam
pertinentes, e os senhores vêm aqui fazer os esclarecimentos que julgam
pertinentes. Então, mais uma vez, eu entendo que a Casa cumpriu o seu papel de
ouvir ambos os segmentos. Cada Vereador que faça o seu juízo de valor, mas, ao
mesmo tempo, Superintendente, eu quero dizer que sempre estamos à disposição para
tentar encontrar o bom-senso e o melhor caminho. Mas quero dizer que a nossa
obrigação é com a qualidade da saúde do povo gaúcho, do povo porto-alegrense e
do povo brasileiro. Muito obrigado.
(O Ver. Mauro Pinheiro assume a presidência dos
trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Passamos à
PAUTA
- DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05
oradores/05 minutos/com aparte)
1ª
SESSÃO
PROC.
Nº 3087/13 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 050/14, de autoria do Ver. Alceu Brasinha, que concede a Comenda
Porto do Sol ao engenheiro civil Eduardo de Souza Pinto.
PROC.
Nº 3408/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 380/13, de autoria do Ver. Mario Manfro, que
concede o título de Cidadão de Porto Alegre ao senhor José Francisco Sanchotene
Felice.
PROC.
Nº 0301/14 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 019/14, de autoria da Verª Sofia Cavedon, que
concede o título de Cidadão de Porto Alegre ao senhor Raul Jorge Anglada Pont.
PROC.
Nº 0333/14 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 002/14, de autoria do Ver. Márcio Bins Ely, que concede o Troféu
Câmara Municipal de Porto Alegre ao Serviço Social da Habitação do Rio Grande
do Sul – SECOVIMED-RS.
PROC.
Nº 0477/14 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 008/14, de autoria do Ver. Bernardino Vendruscolo, que concede a
Comenda Porto do Sol ao Grande Oriente do Brasil – Rio Grande do Sul (GOB-RS).
2ª
SESSÃO
PROC.
Nº 2291/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 263/13, de autoria do Ver. Dr. Thiago, que
denomina Rua Maria Agueda o logradouro não cadastrado conhecido como Acesso C –
Vila do Barracão –, localizado no Bairro Santa Tereza.
PROC.
Nº 0149/14 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 006/14, de autoria do Ver. Dr. Thiago, que
altera o art. 4º e o caput do art.
6º, inclui art. 8º-A e revoga o parágrafo único do art. 6º, todos na Lei nº
6.873, de 25 de julho de 1991 – que dispõe sobre a fabricação, o comércio e o
uso de artigos pirotécnicos e dá outras providências –, e alterações
posteriores, determinando que os estabelecimentos que comercializam fogos de
artifício orientem os consumidores sobre sua correta utilização e dando outras
providências.
PROC.
Nº 0368/14 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 003/14, de autoria da Verª Mônica Leal, que concede o Troféu Câmara
Municipal de Porto Alegre ao General de Exército Carlos Bolivar Goellner.
PROC.
Nº 0546/14 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 008/14, que modifica a redação do inc. XXXV do
art. 1º da Lei nº 11.404, de 27 de dezembro de 2012, que atribui verba de
representação aos titulares dos cargos em comissão ou das funções gratificadas
que menciona.
PROC.
Nº 0591/14 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 009/14, que altera o § 3º do art. 1º da Lei nº
11.472, de 29 de agosto de 2013.
O SR.
PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Valter Nagelstein está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. VALTER
NAGELSTEIN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, colegas servidores
da Câmara. Sr. Presidente, no dia de ontem, Ver. Idenir Cecchim e Ver.ª Lourdes
Sprenger, o Governador do Estado do Rio Grande do Sul, o Sr. Tarso Genro, foi à
sede da Associação das Federações Comerciais fazer um balanço do seu Governo.
Temos, aqui, seguidamente, recebido reptos de
Vereadores do Partido do Governador, o Partido dos Trabalhadores, dizendo que
querem fazer comparações dos dados de governos passados com os do Governo
atual.
Vou falar da questão da segurança em Porto Alegre,
mas quero falar en passant de outras
questões, porque o Governador atribuiu, Ver. Kevin Krieger, o crescimento do
Estado, de cinco e pouco por cento, às ações do seu Governo, o que me parece
algo com a mais absoluta falta de cabimento. Qual é, objetivamente, a ação do
Governo do Estado que induza ou que tenha induzido o crescimento do Rio Grande
do Sul?
Pergunto: houve redução de tributos? Houve estímulo
a algum setor? Houve construção de estradas? Houve algum aprontamento ou alguma
melhoria de infraestrutura? Houve investimento em portos, que repercutisse na
exportação do Rio Grande do Sul? Houve aumento na paz ou na Segurança pública?
Houve melhoria na educação? Foi cumprida a promessa do piso dos professores?
O editorial do jornal Zero Hora de hoje ainda fala
da derrota do Governo, ontem, quando tudo sinalizava que a criação da EGR se
constituía num equívoco, assim como não caminhar para a questão das PPPs, por
exemplo, nos presídios. O Governo, por um vício ideológico, insiste na criação
da EGR. E, ontem, sofre, Ver. Mauro Pinheiro, uma derrota na Assembleia
Legislativa, que determinou a vedação na cobrança nos dois sentidos.
Diz o editorial do jornal Zero Hora (Lê.): “Não
foram poucos os alertas feitos para os riscos oferecidos pela criação de uma
empresa estadual para gerir os pedágios comunitários. O Piratini se comprometeu
em operar com o mínimo de estrutura e de custo e com o máximo de eficiência,
até mesmo porque esse foi um compromisso de campanha do governador Tarso Genro.
Ainda assim, é difícil imaginar que uma alternativa como essa possa competir em
condições de igualdade com o setor privado (...) mais próximos dos resultados
esperados pelos usuários. Por isso, as decisões nessa área deveriam se pautar
sempre por critérios objetivos, sem motivações políticas”.
E, mais uma vez, foi a motivação política,
ideológica que impediu que se avançasse naquela questão. E agora está
concretizado o erro pelo qual novamente o Rio Grande do Sul e a sua população
irão pagar. Quatro anos de Governo e nós não temos nenhum resultado para
oferecer! Mas nós vamos atribuir o crescimento ao Governador? Só se ele tiver
feito um acordo com São Pedro, e que nós não saibamos ainda. Porque o
desempenho, por exemplo, da agricultura do Rio Grande do Sul se deveu a fatores
climáticos e não ao Governo do Estado. Tem Programa Troca-Troca de Sementes,
como já houve no passado? Não tem! Qual é o programa de incentivo à
agricultura? Tem programa de irrigação? Não tem, zero! Então nós devemos os
números que nós temos na agricultura ao empreendedorismo do povo gaúcho, dos
produtores, dos pequenos produtores, dos médios produtores, dos grandes
produtores, do agronegócio que se expressa, quando nós vamos pelo Interior, nas
feiras, ou aqui, em Porto Alegre, na área rural da cidade. Nós temos que
atribuir não ao Governo do Estado, mas ao clima. As questões da exportação são
melhores ou piores dependendo da cotação do dólar, por exemplo. Nós precisamos
ou devemos atribuir isso ao Governo do Estado? Então esse é mais descarado
cumprimento com o chapéu alheio, porque não pode o Governador atribuir a ele
próprio ou ao seu Governo crescimentos, índices, números, dados que não são
deles.
O
SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): O Ver. Valter Nagelstein prossegue a sua manifestação, a partir deste momento, em Pauta.
O SR. VALTER
NAGELSTEIN: Segurança pública, ainda para ficar nessa questão. Hoje, parece-me que
o Congresso Nacional votou ou discutiu, imagino que tenha votado, a redução da
maioridade penal. A realidade bate às nossas portas. Infelizmente, quiséramos
nós não fosse assim, mas é cada vez mais precoce a prática de crimes violentos,
de delitos. Hoje, ainda está nos jornais também, que foi apreendido o
adolescente que matou o motorista, há poucos dias, aqui em Porto Alegre, de 17
anos. E, Sr. Presidente, é
urgente que venhamos a trabalhar essa questão da maioridade penal e nos valer
de dispositivos como é um projeto de lei de minha autoria, que tramita aqui na
Câmara de Vereadores, que propõe – já propunha no ano passado, e nós acabamos
retirando aquela emenda, quando aprovamos aqui os transponders e os GPS nos táxis – a instalação de câmeras de
vigilância nos táxis de Porto Alegre. Porque só foi possível – e está aqui o
jornal (Mostra o jornal.) – a identificação da autoria de mais este crime que
vitima uma família, que desgraça uma família, graças ao equipamento eletrônico
de vídeo que estava instalado e que opera nas lotações de Porto Alegre. E aqui
está dito: “Vídeo ajudou. Imagens captadas em veículo auxiliaram na
investigação”. Se nós não tivéssemos esse equipamento, esse vídeo, seria mais um
desses tantos crimes insolúveis de famílias dilaceradas, e que nós não
conseguimos encontrar a responsabilidade nem trazer aos tribunais ou à justiça
os responsáveis por tamanho e tão hediondo crime.
Então
eu quero fazer um apelo, Sr. Presidente – está na CCJ, que é a minha Comissão,
estava com o Ver. Nereu, já conversei hoje pela manhã com ele –, para que nós
caminhemos o mais rápido possível na tramitação e na aprovação desse projeto de
lei que determina que os táxis de Porto Alegre tenham um dispositivo de
identificação visual. É uma foto, que não fica dentro do táxi, Ver. Delegado
Cleiton, que é um homem da segurança pública. Essa foto é um software que já existe, que é plenamente
acessível, de vídeoidentificação, faz um registro fotográfico da pessoa que
entra no táxi, é transmitido diretamente para a EPTC e lá fica. Se for
necessário, para fins, por exemplo, de investigação policial, se pode buscar. E
a pessoa ou o criminoso tem a certeza de que não está naquele equipamento,
portanto não adianta ele arrancar o equipamento porque a gravação da imagem já
vai ter sido feita. Mais do que isso, Sr. Presidente, o que é importante,
funciona como elemento de prevenção geral, porque na medida em que a pessoa
entra ou no prédio, ou numa escola, ou na Câmara de Vereadores, ou num lotação
ou num táxi e tem a certeza de que houve a vídeoidentificação, que houve o
registro da sua imagem, isso funciona como um elemento de prevenção, como
elemento que venha a coibir a prática daquela atividade criminosa, daquela atividade
delituosa, exatamente porque vai haver a certeza de que ele está sendo
identificado.
É
preciso fazer isso, é preciso caminhar, não como aconteceu no Governo do Estado
nos últimos que anos, para, na efetividade, na prática, nós implantarmos ações
em favor da população que está, nesse aspecto, absolutamente desassistida. Nós
temos indicadores de criminalidade, e tenho repetido, e outros Vereadores, à
exaustão isso, aqui, que em Porto Alegre temos um latrocínio a cada 48 horas.
Nós não conseguimos, nesses quatro anos, avançar no modelo de presídios, de tal
forma que o Secretário de Segurança, nos jornais desta semana, disse que vai
fazer em seis meses o que não fez em três anos. Nós devemos acreditar?
Eu
próprio, Secretário de Indústria e Comércio, fui oferecer parcerias na
modalidade dos Consepros, Sr. Presidente, que são as associações de bairros, as
associações de empresários poderem comprar uma viatura, equipamentos, coletes,
gasolina para a polícia para poderem ajudá-la, e o Secretário disse: “Não, isso
não pode; nós não podemos misturar o público e o privado”. E eu dizia:
Secretário, não é misturar o público e o privado, é ajudar a polícia a ter
viatura na rua. “Não, mas não podemos aceitar isso, não faz parte do nosso
modelo”. Esse modelo que ele defende é o modelo que acha que presídio é um
equívoco, por isso não investe em presídio; que não pode existir repressão de
crime.
Então,
Sr. Presidente, acho que é urgente, e fica este apelo, nós avançarmos aqui na
Câmara de Vereadores neste projeto de videoidentificação dos passageiros dos
táxis de Porto Alegre, como forma de darmos a nossa contribuição na prevenção
dos altíssimos índices de criminalidade, índices esses que infelizmente o
Governo do Estado, tal qual em todas as outras áreas, infraestrutura, educação,
transporte, não fez aquilo que deveria fazer, e, portanto não pode atribuir a
ele próprio a nota que se atribuiu ontem: 7. Eu atribuiria, Ver. Idenir
Cecchim, quiçá, uma nota de 3,5 a 4, não mais do que isso. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Apregoo Memorando nº 006/14, de autoria
da Ver.ª Fernanda Melchionna.
Apregoo
Memorando nº 018/14, de autoria do Ver. Professor Garcia, Presidente desta
Casa.
O
Ver. Pedro Ruas está com a palavra para uma Comunicação de Líder e, depois,
prossegue sua manifestação em discussão de Pauta.
O SR. PEDRO RUAS: Obrigado, Sr. Presidente, Ver. Mauro
Pinheiro; Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, público que nos assiste. O tema
que trago, Sr. Presidente, é da maior relevância. Dia desses, o sindicato
dos fiscais na área do trânsito em Porto Alegre recebeu uma denúncia
gravíssima, que chegou ao nosso conhecimento. Aliás, o presidente do Sindicato
está aqui, o Sr. Pablo, Ver.ª Sofia Cavedon. E essa denúncia dava conta do seguinte:
de janeiro a julho de 2013, entre inúmeros atropelamentos que aconteceram nos
corredores de ônibus em Porto Alegre, obviamente por ônibus em relação a
pessoas, ocorreram nove óbitos. Nove mortes em função de atropelamentos nos
corredores de ônibus. Isso é um número 81% superior aos números de 2012, Ver.
Mauro Pinheiro. Com esses dados a direção do Sindicato fica estarrecida, porque
recebe uma outra informação: a de que a fiscalização feita pelos fiscais da
EPTC, Ver.ª Fernanda Melchionna, era, simplesmente, apagada, anulada,
destruída. E aqui está a prova (Mostra documento.) Este documento comprova
exatamente isso. No dia 18 de abril de 2013, Ver.ª Lourdes Sprenger – que me
honra com a sua atenção –, houve diversos autos de infração, diversos, nos corredores
de ônibus, Ver. Idenir Cecchim. Pois esses autos de infração... Este documento
diz o seguinte: que os ônibus estavam trafegando em velocidade superior ao
permitido, ou seja, acima de 33km/h. Aí a EPTC coloca como dado oficial o
seguinte: observação - limite de velocidade 30km/h; banco de fotos – que é a
foto do pardal, do radar fixo – rejeitado, conforme orientação do Diretor
Carlos Pires, Daniel Costa e Cohen através de e-mails enviados no dia 25 de abril de 2013. A prova das infrações
foi destruída. O sindicato recebe a informação e manda imediatamente uma
correspondência ao Diretor Presidente Vanderlei Cappellari, da EPTC. O
sindicato diz – está aqui o documento – Ver. Mauro Pinheiro: devido ao alto
número de atropelamentos com mortes ocorridas nos corredores de ônibus desta
Capital e ao fato deste documento que eu mostrei agora há pouco ter chegado ao
nosso conhecimento, solicitamos urgente reunião com o Sr. Diretor Presidente ou
com alguém por ele encaminhado para representá-lo, para explicações sobre o
fato de que 30 autos de infrações não foram efetivados e também queremos saber
porque foram cancelados. Isso é de apenas um dia; isso é de apenas 40 minutos
de um dia, do dia 18 de abril.
As empresas de ônibus estabelecem horários,
planilhas impossíveis de serem cumpridas a 30Km/h. Como não querem o aumento do
número de ônibus, como não querem o aumento do número de funcionários, as
empresas obrigam os mesmos ônibus, os mesmos funcionários, a trafegarem em
velocidade superior ao permitido. Muito superior ao permitido. Tragicamente,
hoje pela manhã, tivemos mais uma morte. Uma jovem de 22 anos morreu hoje
atropelada em um corredor de ônibus. Desde ontem, estamos divulgando esses
dados. Nós os recebemos ontem pela manhã, Ver. Cecchim, da Direção do sindicato
que está aqui presente. É inaceitável esse privilégio que as empresas de ônibus
têm em Porto Alegre. Isso é um absurdo! E no momento em que a EPTC retira cada
vez mais a fiscalização... Há um ano ela faz exatamente isso. Ela extinguiu uma
Gerência de Fiscalização, e agora está extinguindo a Coordenação de
Fiscalização. Isso é para que não haja mais fiscalização, e, quando ela ocorre,
acontece isso: o banco de fotos é rejeitado por ordem de diretores da EPTC. A
EPTC não deu resposta. Não deu resposta, Vereadores e Vereadoras, porque não
tem! Não deu resposta, porque isso é de uma irresponsabilidade criminosa!
Irresponsabilidade criminosa permitir que os projetos das empresas, em relação
aos seus horários e aos seus compromissos, sejam cumpridos à custa do
desrespeito à norma de trânsito! Portanto, à custa do risco de toda a sociedade
porto-alegrense nos corredores de ônibus.
E é disso que se trata este tema, a barbaridade que
é a anulação, o privilégio, o acobertamento de um comportamento nocivo à sociedade,
gravíssimo! A EPTC cumpre o papel da irresponsabilidade, anulando a
fiscalização pública para remeter à fiscalização privada, ou seja, à empresa
fiscalizando a si própria, e termina a segurança e ausência de risco de toda a
sociedade.
Para nós – reitero, repito, Presidente –, é
absolutamente inaceitável, é um absurdo! Eu digo de novo: uma
irresponsabilidade criminosa, porque não há explicação, meu caro Pablo, para a
rejeição desse banco de fotos! Não há explicação – Ver. Cleiton, que já
presidiu a CUTHAB – para a anulação dos autos da infração por rejeição,
justamente dos documentos fotográficos que conferem e determinam o flagrante da
ilicitude praticada!
Esse tipo de compromisso da EPTC com as empresas de
ônibus representa para a população de Porto Alegre um risco absurdamente alto!
Nós não podemos conviver com isso! E essa resposta tem que aparecer; essas
pessoas têm que ser identificadas!
De onde vem exatamente essa
ordem? É dos diretores Carlos Pires e Daniel ou é mais acima? Onde estão as
fotos que foram rejeitadas, o banco de fotos? Por que não sofrem multas as
empresas que operam em Porto Alegre? São dados terríveis, que assustam e
revoltam a todos nós; mas, a partir de agora, a EPTC deve explicações não
apenas ao Sindicato – que nunca deu –, não apenas a esta Casa – que vai dar –,
mas a toda a sociedade, que é a mais prejudicada.
(Não revisado pelo orador.)
O
SR. IDENIR CECCHIM (Requerimento): Sr. Presidente,
solicito verificação de quórum.
O
SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Solicito a abertura do painel eletrônico para
verificação de quórum, solicitada pelo Ver. Idenir Cecchim. (Pausa.) (Após o
fechamento do painel eletrônico.) Nove Vereadores presentes. Não há quorum.
Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a
Sessão às 17h24min.)
* * * * *